DIE ZAUBERFLÖTE E A CIDADE DOS VULTOS
Para além do vidro, a noite é mais dura. Velozes, vorazes, passam automóveis vazios de uma alma sem pressa. Vultos cruzam asfaltos em magreza ansiosa e os mesmos néons do outro século, intermitentes, mentem agora alegrias sorrateiras. Oiço a minha música, velha delícia Die Zauberflöte, e ela melancoliza-me a esperança, é a hora pedinte tão sem-pão de um jovem pedinte e louro que se chama Igor. Vem suplicar-me as migalhas que me faltam: quanta nobreza tem no trato! Devolvo-lha. Não tenho nada. Não posso nada. Papageno, Naturmensch é qualquer um sem presunta excelcitude e qualquer um é ein Prinz chamado Igor.
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