MARCELO, O ESCOLÁSTICO

Tendo passado uma semana

durante a qual foram muitos os que comentaram os seus comentários,

comentando e recomentando, quase todos os dias, o que dissera de Menezes,

no seu programa, segue-se que, com suficientes argumentos,

Marcelo deu K.O. ao espalhafatoso Duarte Lima, K.O. à titubeante Manuela Ferreira Leite

e um K.O., embora mais soft, ao agitado Ângelo Correia.

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Ao primeiro, por demonstrar fazer ele parte de um bloco de interesses centrais com o PS

coisa que lhe enfraqueceu incisividade no plano opositivo ao longo da presente legislatura, impossível por isso mesmo imaginá-lo líder de bancada e que venha lá o ridículo processo;

à segunda, por lhe ter exposto a hesitação, a contradição implícita e a omissão,

no seu pesado alinhamento de militante-de-base/presidente

do Conselho Jurisdicional do Partido;

ao terceiro, por ter desperdiçado munições para dentro do PSD,

gastando-as consigo, Marcelo, na tal pressão alta inútil sobre comentadores,

sobretudo numa semana cheia de potencial opositivo com as gravíssimas questões

do desEmprego e da desEducação em Portugal.

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A propósito de uma putativa crise da sua amizade com Ferreira Leite,

citou Aristóteles, o qual amava Platão, mais amava ainda mais a verdade.

Mas Marcelo foi ele mesmo aristotélico, escolástico,

ao fundamentadamente armadilhar de vácuo

os comentários-reacções aos seus comentários

ou não seja ele, no seu programa, e em qualquer caso,

uma voz absoluta.

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Dou-me, porém, conta de que a arte do comentário político

é uma espécie de banha da cobra discursiva e intelectual para entreter e espicaçar

porque com ela ardilosamente se projectam cenários-tese,

que se trabalham somente em função de pontos de vista convenientes para si,

por razões pessoais ou históricas, por tendências, por gostos.

Por isso mesmo, um bom comentador é, no fundo,

um bom gerador de discordância e de contraste.

É, simplesmente, Marcelo.