CASTRO? CASTRAS, CASTRA

Um fervor de paixão tomou conta dele: o seu dinheiro, o seu poder de pagar, dar, influenciar, deveriam ser suficientes. Marralhava pelo abraço, pelo beijo, pela escalada do desejo. Primeiro implorou, depois pediu, mais tarde exigiu, finalmente obrigou. Não pedia muito. Não obrigava a nada de mais. Tinha dado tanto. E tanto era caro. Só o amor do outro, um moço, em tudo aquiescente, a todas as coisas satisfeito, e cada vez mais encurralado. «Tens de passar por ambíguo se quiseres singrar, meu filho!» — sussurara a um o Diabo e a outro: «Podes ter tudo o que quiseres dele, se o obrigares a prostar-se no pó e pelo pó.» O Diabo era porreiro e sabia o que dizia e mais ainda o que fazia. Sim, passaram a discutir numa negociação interminável, um por liberdade, talvez dinheiro, talvez consequências da amizade entabulada como uma conversa objectiva, dá-me isso, dar-te-ei aquilo. Derreado, arriscando petiscar daquelas carnes ingénuas, moldáveis, delas sequioso e esfomeado, oportunista sobre o outro adormecido, o mais velho avançava, sentia uma infinita vaidade por ter, quase ter, quase-ter tido aquilo, o moço, como cão de raça levado a passear, como casaco de peles vistoso, Rolex lustroso, para os quais pescoços volteiam, cabeças meneiam. O outro, quase seu cão, quase seu casaco, quase seu Rolex, simplesmente fugia, fingia hesitações, quando tinha certezas diferentes, seis meses depois, imobilizando-se rígido em arco de asco. Se pudesse, treparia as paredes para longe daquilo, mas não sabia o caminho. Na última refrega, contundiu-o até que cessasse, desligasse. Desligou-o. Juntou-se a morte à vontade de morrer fosse da morte pequena fosse da única e irremediável. 

Comments

floribundus said…
os paneleiros da comunidade 'cu arrebentado' continuam a fazer de conta que não houve nada.
só pensam em literatura a cheirar a merda.
Anonymous said…
Excelente texto.
Anonymous said…
Todo a pessoa é inocente até prova em contrário. Mesmo que seja o maior criminoso, tem direito a um advogado de defesa. Sinceramente, apesar de ter desaparecido uma vida humana, e de as circunstâncias da sua morte serem horríveis, acho que se está apenas a ver o caso do lado de Carlos Castro. Não me parece que um jovem de 21 anos, com toda uma vida á sua frente, saudável e sem sinais de violência ou traumas de infância e adolescência, fosse capaz de cometer uma atrocidade destas. Se ele teve uma atitude incorrecta, ao aproximar-se de Carlos Castro e até ter um relacionamento amoroso com este para subir na vida, também temos que pensar o que fez Carlos Castro. Um homem de 65 anos dizer-se perdidamente apaixonado por um de 21, terá certamente ajudado a que este jovem cria-se ainda mais ideias de sucesso e riqueza na sua cabeça. A morte do senhor foi horrível e condenável pela malvadez, mas este jovem, parece-me, é mais vítima do que réu. E acho que, com a investigação da polícia, iremos ficar a saber isso ainda mais.
Anonymous said…
já vi muita gente dizer que ainda bem que o crime ter sido cometido nos estados unidos, pois o presumiveL assassino vai ver como funciona uma verdadeira justiça. Para quem não sabe - e eu sei, pois vivi nos Estados Unidos e trabalhei num tribunal americano - a justiça norte americana é das mais injustas do mundo. Quase 90 por cento das decisões são tomadas, não pelo juiz, mas por um colectivo de cerca de 30 pessoas, entre donas de casa, empregados de balcão, escriturários, até empregadas de limpeza. O sentido de justiça é mínimo. Muitos condenados, que depois se veio a confirmar serem inocentes, foram condenados a prisão perpétua, ou seja, presos a vida inteira, até morrerem na cela. O meu pressentimento é que pregaram uma enorme armadilha ao Renato. Volto a dizer - a morte de Carlos Castro é horrível, com requintes de malvadez e vingança. Imagino o sofrimento porque passou naquele quarto. Mas terá sido realmente Renato o culpado? Não terá ele sido apanhado no meio de um estratagema de outros inimigos de Castro para o matarem, culpando um jovem em início de carreira (sim, jovem, tem pouco mais de 21 anos, ainda não é um homem feito para a vida)
Anonymous said…
Não sei o que pensarão os nova-iorquinos. Não é por ser homossexual, ou será apenas em parte. Portugal é um dos países mais pobres e atrasados da Europa. Apesar disso, a população analfabruta e atrasada alimenta audiências e tiragens recode, centradas em figuras parasitas que não produzem riqueza para o país, como Carlos Cruz, Herman ou Castro, sendo que este apenas promovia e era promovido pelo jet-set mais fútil e inútil, (...). Os nossos antepassados são diariamente humilhados pelos seus descendentes, onde figuras escondidas na sombra parece terem algum gozo prazer ou vantagem em fazer do país o paraíso da homossexualidade, corrupção, bandidagem e vigarice, para desprezo de quem no vê de fora.
Anonymous said…
A proa, a incompetência, a preguiça, são normais nas autoridades portuguesas espalhadas pelas embaixadas e consulados em todo o mundo. Impera, ainda, infelizmente, a velha doutrina de que quem está nestes postos é um ser superior, que não se mexe a não ser que tenha que o fazer ou que alguém com poder, leia-se cunha, os obrigue a fazer o mínimo. Sim era um dever das autoridades portuguesas, sediadas em Nova York e Washington, tentarem fazer alguma coisa pelo Renato, mas não. São uns toleirões, preguiçosos. Normalmente, as pessoas que são colocados em lugares diplomáticos são-no por cunhas, não por competência. Por conhecerem alguém, não porque tenham conhecimento do trabalho.
Jorge said…
ainda se fosse em SF...aí sim, a palavra Castro faria sentido!
lili said…
Nunca vi tanta ignomía, disparates e falta de respeito por uma pessoa barbaramente assassinada, como nestas linhas aqui nestes comentários escritos, claro que só por anónimos.

Um adulto de 21 anos mata outro, com uem mantinha uma relação desde Maio e ao que tudo indica andava a chular o morto e mesmo assim, coitado é uma vítima.
Anonymous said…
Este crime, sem dúvida alguma, é horrível, e não haverá qualquer desculpa para ele. Mas, também é certo que não haverá só um lado da história! O Renato terá muito que contar, se o quizer fazer! Para se cometer um crime destes, que não levaria a proveito algum em seu benefício, muito pelo contrário, o Renato teria que estar muito, mas mesmo muito fragilizado, ao ponto de ter perdido a noção do certo e ter pensado apenas em livrar-se daquilo que o fazia sofrer e que o prendia. O Renato que benefício tirou deste acto macabro?! Nenhum!!! Esta é a verdade: O Renato não lucrou nada, não roubou nada, não pediu nada... a não ser, talves, a sua liberdade de volta!
Carlos castro era um homem maduro, vivido e... gay! Renato era ainda quase criança, iludido pelo sonho da fama... Haverá sempre mais do que um culpado...

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