KAFKA, MEU QUERIDO VÍRUS!
Habituei-me a escrever aparentemente confortável sobre coisas desconfortáveis e a polemizar com aparente naturalidade sobre coisas aparentemente impolemizáveis. Em parte devo-o a Kafka, lido e estudado num certo mestrado fertilizante, como uma escrita, uma literatura, que encurrala e agride. A outra parte devo-o à sova profissional, pessoal e moral a que o socratismo farsolas me submeteu desde o primeiro momento e para a qual eu não estava nada preparado. Azar. A Boa Informação fez o resto. No dia em que por aqui e por ali reproduzir somente paleio previsível e cordato, estarei morto. Enquanto puder, prefiro estar vivo, bem vivo, humano e solícito para com gente viva, quotidiana. Implacável com ladrões, fingidos, desleais, essa montanha de vermes que devorou Portugal e nos condena sem apelo nem agravo, como está bem à vista. E tu, Kakfa, meu querido e benéfico vírus, perdoa-lhes porque não sabem o que castram!
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