DOIS CARTEIRISTAS SIAMESES

O que é a mentira e o que é a verdade, em Política? Duas respostas que podem redundar ou num exílio obsceno em Paris ou num atentado mortífero contra um líder político suficientemente louco para fazer o que seria impensável fazer em democracia, esmagar quem trabalha. E Passos está a fazê-lo supersonicamente e com as melhores intenções, certamente. A maior crise económica internacional dos últimos 80 anos foi o pretexto perfeito para que Sócrates incinerasse ainda mais recursos públicos, por ajustes directos socialistas e amigos, para alargar e conservar vícios, buchas, tachos, padrinhos, afilhados. Os portugueses tinham sido enganados por Sócrates, o agente da dívida monstruosa e das mentiras mais convenientes à reeleição, a processos negros e obscuros de comissionar dividendos pessoais. Afastado do Poder graças ao Maior Cansaço Nacional de que há memória, nenhuma estratégia de autovitimização entretanto pré-fabricada resultou. O vilão não se transmutava em santo. O ladrão não passava por impoluto. O fantasioso não se transmutava em responsável. Era impossível remover o labéu de sujo, mentiroso e desonesto, cavado por inúmeras atitudes e medidas nessa tese convergentes. O País todo se mobilizou para remover Sócrates. Conseguimos. Nada mais inteligente, aliás. O Mal estava ali. Parte do Mal, isto é, do enorme convénio e comércio entre quem decide enriquecendo e quem enriquece [BES,etc.] destroçando vidas por negócios de ruína para a grossa maioria dos cidadãos, estava ali. O pacóvio Sócrates não passava de alguém que quis distribuir milhares de milhões de migalhas, disfarçando as que eram para si, e, finalmente, sair de cena com um pecúlio de largos milhões, uma certa aura de herói das hormonas com que as fêmeas enganadinhas do Bolhão o espremeram. Isso é muito menos que ser político. É ser carteirista reles. Ser carteirista reles para si mesmo e para os seus. Mas nós removemos esse carteirista. Temos agora à frente do País uma outra espécie de desonestidade carteirista. Não furta para si. Furta para a Troyka, para os outros, para os credores, desnudando-nos. Separados no tempo e na intencionalidade, Sócrates e Passos, trata-se de duas mãozinhas siamesas.

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