A POESIA NÃO ESTÁ. SAÍU PARA TOMAR CAFÉ E VOLTA TARDE.
Ressinto-me dos pedantes como uma árvore do pouco sol.
Considero a altivez e o campeonato da cultura,
da bem-opiniância e da bem-escrevência
abominável a meus olhos.
Sou um espírito humilde.
Os vaidosos cansam-me as vistas.
Logo hoje que a Poesia foi dar uma volta - é dia de sair para ela -
obelixizaram-me a minha poesia.
Que a minha poesia-menire é ridícula.
Que as minhas pretensões a ter caído no caldeirão da aldeia, em criança,
bebendo da poção mágica de ser poeta
são infundadas,
que só existe a verdadeira poesia,
coisa de uma dúzia de proprietários vivos e outros tantos mortos e que alguém,
sempre excelso, sempre sibila, nestas coisas de acertar em tudo,
sabe onde está, a devora e tem no bolso.
E eu nilces.
No dia da poesia!
No dia da puta da poesia!
Está bem, João.
Ok. Agora vou ficar a olhar esta cena de Altamira
e a meditar nesta minha exclusão excomungante e papal da poesia,
da puta da poesia, para não falar da desulmildade de me achar isso, sacro e pudico,
que é ser verdadeiro poeta!
Ou o verdadeiro artigo!
Penitentia agite!
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