A VERGONHA E O HUMOR
Acho imensa piada ao Jel. Gosto dele muito a sério. Ontem, com Mário Crespo, disse que a corrupção económica e a corrupção política estão a fazer concorrência ao humor por serem aquelas já avassaladora fonte dele. Nada mais exacto. Basta atentarmos no pormenor de a audiência da fase de instrução do chamado processo Face Oculta ter começado no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, sem que nenhum dos arguidos comparecesse, fazendo-se representar pelos seus advogados. Processualidades à parte, é como se o Circo viesse à cidade, mas sem os leões, as morsas, os elefantes, os macacos. Só os burros. O público, composto basicamente por palhaços, esse há muito que já não ri nem faz rir, não chora nem faz chorar, não aplaude nem pateia. O crime escorre? Deixa escorrer.
Comments
Quem me conhece, sabe que não tenho opinião muito favorável sobre o atual presidente da república portuguesa. Quem me conhece melhor, sabe até que preferia ver outro a ocupar o lugar dele. Reconheço que, além de ser eu um sujeito deliberada e assumidamente parcial, não consigo outro motivo forte que permita sustentar a minha opinião. Cavaco Silva até tem pose de estadista, fala sempre na terceira pessoa quando se refere a si mesmo e, quando sorri, fá-lo com um tique nervoso que faz qualquer um ficar tenso (inequívoca qualidade de estadista).
Porém, há a questão da empatia, barreira difícil de transpor; principalmente quando lhe noto esse vício de mandar anunciar, de manhã, que o presidente vai fazer uma comunicação ao país à hora do Telejornal — ainda dizem que não há manipulação dos media! Esses episódios algo frequentes deixam-me o dia todo ansioso. «Irá dar a independência à Madeira?» «Terá decidido invadir a Espanha?» «Estará o palácio presidencial sob escuta?» Matemático nenhum tem condições para exercer a sua atividade neste estado de ansiedade.
Em abono de Cavaco Silva — afinal não sou tão deliberadamente parcial —, devo mencionar aquele episódio natalício no qual câmaras indiscretas o apanharam a comer bolo-rei. Foi relativamente parodiado pela ligeira deselegância com que o fez, mas o que ninguém entendeu é que o gesto foi intencional e até com uma certa subtileza humorística. Tomo a ousadia de recomendar que o presidente entre mais no reino — salvo seja! — da piada, pois quem não tem por hábito (nem jeito) fazê-la, quase sempre acaba mal interpretado no momento em que resolve arriscar.
Até hoje, não houve comentador político, blogger ou frequentador do Manuel Luís Goucha — o programa, em princípio — que tivesse mencionado, em abono do presidente, o que para mim foi óbvio desde o primeiro instante. Admito que eu possa ter um grau de perspicácia muito acima da média, mas não era claro que Cavaco comia o bolo numa atitude de escárnio, tentando achincalhar a monarquia? Tratava-se de bolo-rei, se fosse pastel de Bela postura teria sido outra, certamente. O resultado foi desastroso, mas a subtileza foi de mestre!
Também não me tinha dado conta da total ausência dos arguidos num processo de que muito se tem falado.
De facto, parece que o problema nacional nº 1 é a Justiça. No seu descalabro arrastará consigo o país. Começo a pensar que já não há santo que nos valha.
qualquer destes xuxas ganha mais num mes que o amigo num ano.
sobre o lixo despejado no bpn pela cgd leia Portugal Profundo.