O GLAMOUR PASSIONAL

Um refinadíssimo sentido estético, num mau português, atirado para cima do lado alto-meso-social habitava-o como uma possessão havia décadas. Tudo pelo glamour. Nada contra o glamour. O seu sacerdócio era o requinte alheio, vigiado e nutrido, tanto quanto a sua subjectividade, esse prodígio de bom gosto, o caucionasse ou o censurasse nos outros. Submetiam-se a ele, desfilando, esses cadáveres com silicone e botox, nata da Capital, que o via como um Gianni Versace imperfeito, de arrebalde. Voz papal na maledicência ou na benedicência quanto a toiletes, ninguém como ele e também, que diabo, ninguém contra ele, coitado, tão bom e pacífico, de alma viúva à espera daquele passe de paixão fatal, como nos livros e nos filmes. Cinzas. Por fim, acabar em Nova Iorque ou, pelo menos, ter um momento patético por lá, isso foi dramaticamente alcançado como finalidade e desfecho, enredo todo drag-queenescamente engendrado, sopa de pútrido, onde nada falta. Uma pitada de macabro belo, umas patas de testamento mortal, umas asas de morcego andrógino, filão suculento de revelações mortíferas retroactivas queimando o vivo e confirmando o morto. A voz fina, adelgaçada do homicida pede um Shakespeare de iPad: To be gay or not to be gay, «– that is the question:/ Whether 'tis nobler in the mind to suffer / The slings and arrows of outrageous fortune, / Or to take arms against a sea of troubles / And, by opposing, end them. To die, to sleep / No more – and by a sleep to say we end / The heartache and the thousand natural shocks / That flesh is heir to – 'tis a consummation / Devoutly to be wished.» 

Comments

Anonymous said…
Premeditation is not the issue in this case. Second-degree murder in New York State covers intentional homicides. What distinguishes first-degree murder and second-degree murder in New York (as in many U.S. states) is the severity of the crime, which sometimes depend on the victim (a child or a police officer, for example) and sometimes depends on whether the crime was committed with "extreme atrosity or cruelty."The manner in which Carlos Castro was killed (with a corkscrew over a period of one hour!) clearly would qualify as "extreme atrosity or cruelty." Therefore it seems quite likely that Renato Seabra will utlimately be charged with first-degree murder, which is punishable by life in prison without any opportunity for early release.There is also a strategic reason why prosecutors will likely charge Seabra with first-degree murder. If charged with first-degree murder, he has incentive to plead guilty to second-degree murder to avoid the possibility of a life sentence without any possibility of parole. If he goes to trial on first-degree murder charges, he will spend the rest of his life in a U.S. prison.
Anonymous said…
Premeditação não é a questão neste caso. De segundo grau foi assassinato em Nova York State abrange homicídios dolosos. O que distingue o assassinato em primeiro grau e assassinato em segundo grau, em Nova York (como em muitos estados dos EUA) é a gravidade do crime, que muitas vezes dependem da vítima (uma criança ou um policial, por exemplo) e, por vezes, depende de o crime foi cometido com "atrosity extrema e crueldade." A maneira em que Carlos Castro foi morto (com um saca-rolhas em um período de uma hora!) claramente qualificaria como "atrosity extrema e crueldade." Portanto, parece bastante provável que Renato Seabra utlimately vai ser acusado de assassinato em primeiro grau, que é punível com pena de prisão perpétua sem possibilidade de release.There precoce é também uma razão estratégica por procuradores provavelmente irá cobrar Seabra de assassinato em primeiro grau. Se o acusado de assassinato em primeiro grau, ele tem incentivo para se declarar culpado de assassinato em segundo grau, para evitar a possibilidade de uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Se ele vai a julgamento por acusações de assassinato em primeiro grau, ele vai passar o resto de sua vida em uma prisão dos EUA.
Anonymous said…
A morte de Carlos Castro salientou as assimetrias sociais entre os portugueses. Enquanto que uns se matam, prostituindo-se em hotel de luxo em Nova Iorque, outros matam-se a trabalhar para não ganhar 500 euros por mês que os "empresários" dizem não poder pagar. Uns morrem, querem ser cremados e a bizarria de ter as suas cinzas espalhadas por Time Square; outros não têm onde cair mortos, nem poupanças para pagar o próprio funeral.
Anonymous said…
Então claro que eram drogas. O Carlos Castro cozinhava no quarto do hotel, ou então a cada restaurante onde iam diziam "aqui para o menino é meta este cocktail de drogas se faz favor". As drogas que o Carlos Castro, com certeza, arranjou facilmente em Nova Iorque, que aquilo é uma cidade de deboche!!!! Deve ter comprado a droga no vestiário do teatro da Broadway onde foi ver o musical.O menino ligou à mamã e diz-lhe o que ela queria ouvir.... que tinha saudadinha dele e que a comidinha da mamã é sempre a melhor.Além de assassino andou a enganar a familia, mas aínda há quem queria acreditar que era um santo. As pessoas veem com as teorias com descabidas para tapar o sol com a peneira..
Anonymous said…
Quem será agora o princípe herdeiro do maior cronista social português, depois de Fernão Lopes? Quem nos vai agora dizer que os morangos no doce da Naná ainda não estavam maduros? E que o único cabeleiro na careca do senhor comendador estava penteado para o lado errado?
Anonymous said…
Rabicholas a engatar os putos, depois admiram-se dos actos serem levados ao extremo descontrolo da mente humana, o puto não era criminoso, as circunstâncias é que o dirão.
Anonymous said…
Este assunto é igual em valor ao resto dos lamentáveis episódios nacionais das últimas semanas; ou seja, não vale um flato mole. Seja a baixíssima polémica Cavaco-BPN, seja a paupérrima polémica alegre-Purdeys ou a ridícula e constante aparição de pinto-de-sousa em carros eléctricos (judiciosa e previamente plantados pelos seus seguranças a uma esquina tranquila e escondida). O rapaz-Seabra e o velho-Castro: a terrinha, o torrão, o lugarejo do puto - apesar da confissão deste último - recusa-se, junto com a mamã, a acreditar na sua culpa; o povo tem um pratinho como gosta discutindo e badalando, de modo sopeiril, as 'últimas revelações' sobre o casozinho. Nas TV's do serviço-público e nas pornográficas 'tardes-da-júlia' é esmiuçada a capação histérica e ritual do cadáver-carlos pelo efebo-seabra (ora com um copo partido, ora com um saca-rolhas). Bichices.
Dezenas de portugueses morrem por mês nas estradas, ou sobrevivem horrivelmente mutilados e desfigurados; brutalidades e crimes hediondos são diariamente relatados em nobres folhas como o CM; as falsificações estatísticas e os desvarios governativos de pinto-de-sousa continuam. Mas a malta dos esgotos-média quer é o drama-homo de Nova Iorque.
Pena é que aqueles dois não fossem já casadinhos pela nova leizinha de que as câncias e os pittas tanto gostam. Dava-se assim início a um novo tipo de flagelo social: a violência doméstica fufa. Em vez do típico homem dos cartazes (que incitam a denunciar um gajo com ar de camionista), poder-se-ia passar a ver um rapaz com ar-de-seabra exibindo uma pulseira electrónica, ou uma fufa feiota, baixota envergando calças largueironas e uma camisa à pescador. Nojo.

Ass.: Besta Imunda
Anonymous said…
com actores medíocres, jornalistas feitos voyeurs e apresentadores frívolos transformados em vigilantes da moral. Se é que há alguma neste caso.Os Estados Unidos tiveram o seu “escândalo sexual”, o caso Mónica Lewinsky, Portugal tem o caso Carlos Castro-Renato Seabra.A morte do colunista social na cidade que nunca dorme choca. Pela violência, pela mutilação. E merece respeito e bom senso no tratamento informativo. As televisões, mesmo a pública RTP, os tablóides e até os jornais de referência têm-se lambuzado com este caso, este “fenómeno de déviance”. Nada como um crime passional, um homossexual conhecido, assassinado de forma violenta, por um adónis quase imberbe, para fazer subir as audiências maçadas pelo FMI, pela agonia de Sócrates, pela crise e pela campanha tépida das presidenciais.Para mim CHEGAAAAA.Incomoda-me ver amigos, pseudo-amigos, “conhecidos” e figuras da imprensa cor-de-rosa a desdobrarem-se em entrevistas, dissecando pormenores, mais ou menos íntimos, mais ou menos verídicos, da relação de Castro com Seabra. Incomoda-me ver ...
Anonymous said…
Vivo no estrangeiro há mais de 18 anos e não me revejo em muitos dos preconceitos de que a sociedade portuguesa sobrevive e apregoa. Primeiro tenho respeito por quem parte, tenha culpa ou não. Assim, os meus pêsames à família do Carlos Castro. Paz à sua alma! Segundo, até prova em contrário, todos os arguidos têm direito a uma legítima defesa. E que eu tenha conhecimento, o Renato Seabra ainda nem é arguido e até prova em contrário é inocente. Isto não é um caso de pedofilia mas de uma escolha livre, cada um faz a vida que quer e a mais não é obrigado. "Ganância", "Oportunismo", "Chantagem", "Luxúria", "Prazer", "Ingenuidade" - quem sabe, de tudo um pouco... O que se passou a justiça irá averiguar se conseguir...Afinal há tanta coisa que fica esquecida... mesmo com provas...As fofocas são alimentadas por quem gosta de as ver e de as ouvir. Se não gostam não comprem nem vejam. O que seria dos canais de TV... Não decidam pela aparência e não condenem o que não sabem!!!

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