ABEBE SEM ABÉBIAS: «HÁ UMA DÍVIDA MUITO ALTA»

Não podemos demonizar os homens da Troyka sem começar por demonizar os nossos insensíveis do passado que destruíram o sector primário e secundário da nossa economia, que desbarataram dinheiros públicos desde o ingresso na CE, que nos soterraram com subsídios para tudo e para todos, que transformaram serviços do Estado em empresas públicas cujos administradores inimputáveis geraram dívidas tais que as obrigações do Estado se tornaram insuportáveis, que acumularam dívidas para fazer obras megalómanas, que promoveram o imobiliário nas autarquias com um olho no IMI e outro nas suculentas licenças de construção. Por último e mais grave de tudo, a vertigem nos supostos PEC dos Governos Sócrates, sendo cada um deles o começo já do esbulho que hoje lavra imparável, implicou que mesmo assim o Estado-PS ainda se deliciasse a estourar milhares de milhões em PPP para estradas, hospitais, renegociando contratos, mas com o Estado sempre a perder dinheiro e o Privado a encaixar rendas garantidas de 15% e 17%, graças a cláusulas, secretas só possíveis porque se pagaram milhares em comissões aos pulhas políticos que as negociaram e permitiram. Crime maior que este contra nós não há. Acerca da TSU, Abebe Selassie nem lava as mãos nem deixa de as lavar. Uma vez que nem socialistas, nem comunistas, nem bloquistas, ninguém, enfim, quer sair do Euro, isto é, transformar estes cacos de País em caca, pouco há a fazer e pouco importa se os parceiros sociais e os partidos da oposição, eu, o Papa e os ossos de Ghandi dizemos não a mais austeridade, o homem da Troyka é muito claro e não dá abébias: «Não se faz ajustamento porque se quer. É porque há uma necessidade, há uma dívida muito alta, que precisa de ser estabilizada, para que Portugal possa regressar aos mercados no próximo ano. Claro que há um debate sobre onde é que o fardo do ajustamento deveria recair, mas não acho que as pessoas estejam contra os objectivos globais do programa.» É por isso e só por isso que não temos as ruas em polvorosa, não partimos vidros nem levantamos cabelo. Quem roubou, roubou e o Governo Passos deixa-os bem sossegados para nos vir tirar o escalpe. Nós, que não roubamos, pagamos. Pagamos em dobro. Em triplo. Pagamos custe o que custar.

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