BRASIL: MENSALÃO E O VALERIODUTO

Os partidos, em sociedades frouxas como a portuguesa e a brasileira, tornam-se um Estado dentro do Estado, sequestrando dinheiro público e arregimentando meios para si e os seus a fim de o Poder, uma vez obtido, ser mais facilmente mantido e garantido. Mais grave ainda é haver coadjuvantes pela passiva onde menos seria de esperar. No Brasil, supostamente o Mensalão está sob julgamento, o que servirá para, no plano interno e externo, o País parecer menos corrupto e menos paraíso impunitário do que é, mas mais de um mês depois do seu início, os ministros do Supremo Tribunal Federal só hoje começarão a analisar o ponto que trata do esquema montado por Marcos Valério e os dirigentes do Banco Rural para abastecer políticos da base do governo Lula. Numa espécie de prefácio aos saques feitos por políticos e seus assessores entre 2003 e 2004, o quarto item da denúncia enquadra dez réus no crime de lavagem de dinheiro. Na lista, estão Valério, os seus dois sócios na SMP e B, o advogado Rogério Tolentino, a ex-directora da agência de publicidade Simone Vasconcelos e a secretária Geiza Dias, além de quatro ex-dirigentes do Banco Rural. Se os acusados forem condenados, os ministros abrem caminho para fazer o mesmo em relação aos políticos que foram à boca do caixa do Rural receber dinheiro do valerioduto. O relator, Joaquim Barbosa, deve concluir seu voto ainda hoje.

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