ESCOLA DO ELOGIO MÚTUO E POUCO MAIS


De facto cada qual se aliena como quer e como pode.
Se em face de esta plasticidade
se atribui alguma bondade ao excesso de Capitalismo,
ainda para mais ultraliberal, eu vou ali e já venho.
lkj
O Sofrimento das Massas,
agora sob amplos mecanismos de cloroformização e conformação silenciosa,
está a regressar e em violenta força.
lkj
Evidentemente que os debates meramente intelectualóides
e da Escola do Elogio Mútuo ficam por aí,
no intelectualóide e na Escola do Elogio Mútuo,
e por isso mesmo, escamoteiam o que, neste momento,
deveria ser denunciado a doer
porque nos está a ser infligido a doer.

Comments

Joshua, não resisto a elogiá-lo: o comentário fez-me descobrir a sua actividade na bloga que é simplesmente assombrosa. Ah, outro elogio – já vê, está-me na massa do sangue – verifico que tem um blogue quase só dedicado a Jorge de Sena. É um gosto que nos aproxima por ter eu editado já três livros dele (Sobre Cinema, Dedicácias e a Correspondência com Sophia de Mello Breyner). Não é obviamente a mesma coisa: a sua perspectiva no blog é crítica e criativa, a minha é só a de um intelectualóide.
E é aí que nos separamos. Na facilidade que o Joshua tem, e eu não tenho, para dirimir diferenças de opinião e de visão do mundo com base na exclusão. Para si, quem defenda, por exemplo, que o mais próximo que chegámos, no século XX e XXI, da realização do ideal da liberdade política se deve ao capitalismo, o Joshua vai ali e já vem e ao parceiro chama intelectualóide. Intelectualóide seria nesse caso, para lhe dar só um exemplo, um Raymond Aron e eu não mereço a companhia.
De resto, sem menosprezar o mais ínfimo sofrimento, seja o das massas ou o individual (sofrimento que é hoje bem menor do que noutros tempos), gostaria de lhe dizer que, no passado e muito recente, para esse sofrimento não foi pequeno, nem negligenciável, o contributo de muitos exaltados paladinos da “denúncia a doer”.
Posto isto, e neste espaço onde, a única coisa que vale a pena é trocar ideias, temos muito gosto em acolhê-lo (ou visitá-lo como agora faço) sempre e quando disso tirar prazer. O disparate dispensa-se.
joshua said…
Manuel, eu sou excessivo e entro pela hipérbole como se entra em becos ou então em avenidas. Quando mais parece que lancei a cizânia da discordia, fulgura que afinal fiz um amigo, cativei alguém, nem que seja apenas vestigialmente: não desvalorizo o debate nem acredito que se possa simplificar factos e argumentos demasiado angulosos como aparentei fazer anteriormente. Franco-atirei. Só isso.

No que acredito é na força da literatura não só para transdescrever o Homem/A Vida, como para se insurgir contra o espezinhamento de Ambos, e se é certo que na Voz de Muitos-Muito Exaltados (de mais!) nos últimos cento e cinquenta anos, os ânimos se inflamaram de instinto sanguinário reptiliano cego e a razão e o comedimento se ausentaram, nem por isso é menos verdade reconhecer a importância de imensas vezes não haver calado.

Acho que se me pode perdoar a parte disparatada do meu comentário anterior porque era também a parte provocatória, era o gatilho que reclamava de igual modo ser alvejado, conforme de facto fui por ti e logo numa escala Dresden, quase.

Quanto ao resto, é um prazer ter capturado a tua atenção, Manuel, alguém que manuseou um dos meus Poetas de maior afinidade tonal, Sena, e será um prazer continuar vir cá dia após dia, claramente.

Gostei da tua ironia benigna e simpática nas variações sobre o Elogio. Nada de mal num elogio mútuo e quem se ressente do elogio mútuo nos outros tem é inveja ou algo de equivalente. Também te elogio desde logo a estimulante resposta e a compreensível e amistosa reprimenda. Abraço.

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