LET IT BE BEE, DESENTUSADA HORA


Sobrevivência, sobrevivência, sem dúvida.
Aos mais diversos níveis da Cadeia Alimentar Nacional, CAA:
se aos portugueses nada os molesta
dos besouros e abelhas diligentes na arte de açambarcar,
dentro da Lei, mas fora da Moral,
e o problema dos de Anadia é lá com eles,
não estranhem que tudo possa acontecer ou o pior esteja por vir
no magno processo geral de sobrevivência.
lkj
Isto é todos a fazer por si mesmos e uns mais que outros nesse processo expedito.
Deus me perdoe, mas, pela minha parte, por vezes rodeado por filhos da puta autoritários.
Não quero abusar do calão, não quero chocar os meus novos leitores com os leitões do calão,
mas há raivas que por vezes sobem por mim acima por causa disso: um caramelo,
um perfeito caralho vem - sem mandato para tal! - perguntar se
«sim, senhor, e os cartões e tal?» São migalhinhas de nada, aqui no Pub,
o sobrinho do meu Patrãozolas é um anão mimado, com a mania do mando-em-garnizé,
e de vez em quando lembra-se de andar a pastar uma autoritarite
que nem o Tio lhe autorga, isso, além da ciumeira ridícula da namorada brasileira
com vigilâncias de completo tóino que não se manca. Há poucos minutos,
veio, todo cabrãozolas, desancar na tóxico-Manuela, tratando-a abaixo de cão,
o filho da putazinho, só por se acercar de mais da sua benfeitora do sapatinho vermelho
e da porta do Pub.
lkj
Mas são estas coisas que, sendo milgalhas passageiras, por vezes se agigantam à minha
sensibilidade de professor exilado do lado sádico e envenenado da profissão,
veneno, diga-se, inoculado pela Ministra Maria de Lurdes Rodrigues e seus sequazes,
e que está basicamente, sem que ninguém pense muito nisso, a equiparar a docência
à magnífica actividade profissional das Empregadas de Limpeza,
com o aplauso de umas quantas luminárias docentes que sempre se remoeram
contra certos colegas não lá muito zelosos ou cuidadosos a lavar loiça.
Isto porque o espírito de caça às bruxas e de limpeza do sistema, agora em curso,
que, como costumo dizer, nenhuma Noruega viu, só é mesmo possível no Inquisitorial Portugal,
o velho Portugal dos Bufos, dos denunciadores, dos grandes Autos-da-Fé,
agora exclusivamente para certos grupos profissionais
que é politicamente correcto limpar de excedentes teimosos
e que é um belo pretexto de Poder e nada mais:
sempre me pareceu que muitos professores
causaram mais danos íntimos que algum bem perene
aos alunos sensíveis à cretinice (pressão compressora) de uma aula tensa,
mas este assunto, com os Sindicatos Roucos, cada vez me interessa menos.
lkj
Sinto-me encurralado. Vi também Vitor Constâncio encurralado,
arrastando de seca e sono o seu discurso soporífero no Parlamento bocejante:
boa táctica auto-branqueadora, não há dúvida!
De mansinho, foi avisando que em todo o mundo era igual e tal
e que o excesso de desenterramento de factos poderia ser devastador para o Sistema.
É óbvio que todos se calariam, se descobrissem que por aí viria
um portentado banqueiro internacional qualquer a comprar os bancos de merda nacionais
e os seus 70 mil milhões de euros de dívida à Banca Estrangeira.
É a sobrevivência, a tal sobrevivência que obriga a ilícitos e à vista grossa
para com certos favorecimentos caseiros.
Um dia, talvez tudo seja possível e se prove melhor como a democracia,
tal como está, é uma completa tirania plutocrática que se disfarça o melhor que pode.
Como boa parte da população é idosa, não há esperma para revolucionar insurgências.
Como boa parte da população activa é indiferente e passa bem com a opressão,
desde que se exerça com os outros, não há espírito de mobilização social.
O Pão e o Circo entra-nos por casa adentro, morfinizando-nos as dores e as faltas.
lkj
Mas fodido ando eu. Não preciso de engolir pseudohierarquias e humilhações
por migalhentas que sejam. Expludo de Orgulho. Peco de ele, devo dizer.
Estou no meu limite. Por todo o lado, o cerco fecha-se, aperta-se, canino, em matilha,
apertando os colhões à minha sensação de 'Basta!'. Uma sensação que deveria ser geral.
Não me apetece ter medo, não estou para isso.
Darei o meu passo em frente, arriscarei falar tal como o Ministro Pinho,
encantador de serpentes e de equívocos e de azares-Opel.
lkj
A tóxico-Manuela, de quem tantas vezes escrevi e que ronda aqui o Pub,
vem dizer-me, feliz, que vai começar a trabalhar. Exulto, embora incrédulo, pessimista!
Há, a propósito, por aqui um campeonato de benfeitoria para com a Manuela:
uma cliente destaca-se nessa caridade ostensiva e por grosso à tóxico-moça:
veste bem, tem toiletes variadas e chiques - deve ser um espírito bondoso e endinheirado,
como quase todos as clientes que pastam as suas plásticas silicone-beiçudas
e rosto-esticadas por aqui, idosas ardentes,
mas esta ainda é jovem, tem frescura na sua perna porcina dançante
que me omnifita.
O certo é que dar-lhe ouvidos
é garantidamente ter de aturar: pertence àquele tipo de pessoas
intragavelmente auto-encomiosas pleonasticamente de si e dos seus.
Elogiam a sua casa, elogiam o seu gato, elogiam os seus filhos, elogiam o seu marido,
elogiam o bom gosto na escolha da amante pelo seu marido, elogiam o próprio penteado,
elogiam os antepassados que apodrecem sob as melhores pedras tumulares do mundo
e o resto, o que está além e de fora, não lhes pode prestar. É-lhes lixo!
lkj
Ter de ouvir esta seca, estando tão por baixo em tudo!
Secar-nos esta gente no vendaval monótono de si mesmas!
Numa hora virem dar-nos solícitas o sapatinho sexy vermelho,
clitóris de si mesmas a desabrochar para nós,
e na outra hora simplesmente não haver aqui dentro paciência para aturar tanto exo-EU!
Ó esse EU-tóxico e não é o da Manuela-rente-ao-chão!
Ó esse besourar, zangão-abelha em torno dos Favos de Mel dos meus ouvidos!
Ó gente enterrada no abismo de si exclusivamente mesma, como me dóis!
Desiste, Joshua, essa Hora vai passar!
Let it be... Bee.

Comments

antonio ganhão said…
Vi o Vítor "Vitalício" Constâncio encurralado.

Josh agora vais-te dedicar ao sentido de humor?
joshua said…
António, já me tinha dedicado antes.
carlos filipe said…
Oh Joshua, Oh Joshua
onde te foste meter
queres dizer qual é a tua?

Eu digo, não não vou dizer.
Aprecio o teu verbalismo nada económico em período de crise.
quintarantino said…
Fellini, tu estás terminantemente proibido de ergueres a bandeira branca... nunca...tu, filho dos esmagados das barcas pelos napoleónicos, vais render-te a quem? um estafermo dum reaças não é homem para ti; uma siliconada não é estafermo que te derribe... finca os pés, homem de Deus, carago... finca os pés...
Tiago R Cardoso said…
dissestes-me que quando estavas por baixo é que te dava para escrever com força, nessa altura dividi-me, por um lado adoro esta tua escrita, a famosa escrita Josh, por outro lado fico chateado de saber que as coisas não correm bem.

Sinceramente só te posso dizer, força, dá-lhes com força.
Pata Negra said…
Bem esgalhado!
Let it be...

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