PARNAMIRIM PERNAMBUCANO E A FESTA DE SANT'ANA

Quando se festeja S. Joaquim e Santa Ana, aí pelos finais de Julho,

em todo o mundo católico, festeja-se o mesmo em Parnamirim, Pernambuco.

E estivemos lá, eu e tu, meu amor,

dançando e beijando por toda a madrugada,

naquele Clube tão feliz.

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Vestidos a rigor, com o teu vestido emprestado,

os meus sapatos alheios, casaco de outro corpo,

estávamos lindos um para o outro e todos nos achavam lindos.

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O calor, a juventude, a multidão que cantava, a banda que não descansava,

e nós, ali, no meio, dançando e beijando-nos muito,

como um gosto a Primavera, à água de nos amarmos cristalina,

como um resumo do nosso amor,

como o sumo do ter valido a pena,

como um regresso à irrupção apaixonada que nos acometeu reencontrada,

mal nos conhecemos milagre.

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Depois, ao raiar da aurora, saímos dali em multidão,

outra banda em marcha tropical toca até ao terreiro, o seu bombo, o seu metal,

vamos dançando atrás e o whisky segue connosco,

passamos à igreja, saudamos, vamos adiante, descendo cantando e dançando,

os sorrisos abrem-se de par em par e os olhares fraternizam,

tudo é ali é fraterno numa densidade nova, indescritível,

as mulheres descansam os pés do atletismo dos saltos altos dançantes toda a noite.

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Há pato nas tasquinhas especialmente para nós, e uma, duas, imensas!, Skol.

Rindo, todos querem brincar connosco, falar-não-falando do tão longínquo Portugal.

Rindo, todos querem converter-me em adepto do Flamengo ou do Vasco.

Dou-lhes luta, rindo, e resisto, ambiguo a decisão.

Há ali quem goste do Benfica.

Lamento, mas sou do Porto.

Hei-de trazer-lhes camisolas com o invictus Urbis Virginis emblema.

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É... O meu coração ficou ali, na Festa de Santa Ana,

naquele Clube, em Parnamirim de Pernambuco.