PORTUGAL, PAÍS ADMIRAVELMENTE SALOIO-ZEN


Há textos fabulosos, pelos quais se sintetiza, em autópsia e em antítese,
o estado de maturidade nacional
e de intervenção cívica em Portugal: ZERO. NADA. NIHIL.
Esta Merda é uma dormição de Branca de Neve sem beijo de Príncipe ressuscitador.
Esta Merda tem uma Bruxa Má à frente e os Sete Anões assobiam para o lado.
O Governo é um portento de controlo obsceno de tudo e de intrusão inédita na esfera privada.
O Governo faz propaganda e zurze à força toda no parco navegar do simples cidadão.
A Oposição menezista é uma imitação em Fraco e em Frouxo do Governo,
anuindo mais que contrastando.
A Oposição é uma tragédia de Burro, com Menezes a desastrar sucessivamente
num abrir de boca sempre desastrado, porque, no seu caso, ou Moás ou Portugal.
E Moás tem tido mais 'sorte' que Portugal
com o Menezes que poderia interpretar e escutar as bases,
mas que afinal cortou com elas e decalca todo o posicionamento político
com o que está a fazer-se com invisíveis demarcações Morais, Éticas, de Forma e de Fundo,
ficando-se pela grande mercearia dos lugares pluto-interessantes
e o surf pontual das pequenas aparições pontualísticas de oportunismo inconsequente.
Parecia outro Menezes, aquando da eleição para líder, em sintonia com o Povo.
Se existiu, evanesceu-se! Não é mais!
País confrangedor!
Constança Cunha e Sá surge extraordinária neste artigo de Opinião,
modelo de observação e de consciência penetrante de Isto Improvável chamado Portugal:
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O RAPTO DE MARILU*
(Transcrição via Portugal dos Pequeninos)
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«Há pequenos incidentes que, na sua aparente insignificância,
valem pelo mundo que revelam.
Não é necessário chegar aos excessos do ministro Mário Lino,
onde o advérbio francês "jamais" compete efusivamente com "desertos"
a preservar a todo o custo e com a irresponsabilidade das decisões governamentais.
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Às vezes basta a auto-satisfação miúda
com que um ministro alardeia o "pluralismo" do PS
e a generosidade de um governo que se dá ao luxo de "permitir"
que um militante socialista se apresente numa televisão privada a criticar as políticas apadrinhadas pelo primeiro-ministro e chefe supremo do partido.
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Perante um exemplo tão magnífico como este,
o dr. Santos Silva não se conteve: desafiando adversários
e dois ou três socialistas que primam pela ingratidão e pela excentricidade,
o ministro, sempre atento a qualquer tipo de desvio na informação, pegou numa pequena entrevista na SIC-Notícias, dada por Manuel Alegre,
para cúmulo, em "horário nobre" e não madrugada dentro, como seria de esperar,
e fez deste simples episódio uma prova irrefutável do "pluralismo"
que floresce na maioria que nos governa.
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Manuel Alegre? Na SIC-Notícias? Com direito a horário nobre?
E, ainda por cima, a exigir a demissão do ministro da Saúde?
Como se comprova pelo esfusiante arrazoado do ministro,
é nestes pequenos nadas, nestes inesperados episódios
que o "pluralismo" socialista se revela em todo o seu esplendor.
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O dr. Menezes, que preside, agora, com mestria à desagregação do PSD,
devia seguir estes exemplos de democracia e de liberdade interna,
em vez de andar, por aí, com o dr. Santana Lopes,
a insultar os seus opositores, ameaçando-os com as próximas listas de deputados
- que, ainda no último congresso, no início do descalabro,
iam ser feitas pelas "bases" do partido:
esse mito do aparelho que preserva os seus interesses
e promove a menoridade dos seus caciques.
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No PS, como se depreende das declarações do ministro Santos Silva,
o "pluralismo" resplandece sempre que uma voz desalinhada irrompe
num canal de televisão onde, aproveitando o pequeno espaço que lhe é dado,
sacode umas opiniões incómodas, perante a satisfação do Governo
e a impassibilidade das sondagens.
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Como é óbvio, se a "prova" apresentada pelo dr. Santos Silva fosse um facto banal,
como é em todas as democracias,
o alarido do ministro não só não se justificava
como o levava (quem sabe?) a reflectir sobre o rumo do Governo e o papel do PS.
É o carácter excepcional da entrevista, a inexistência de espírito crítico num partido que,
hoje em dia, se caracteriza pelo conformismo e pela unanimidade
cada vez mais forçada que permite a apresentação desta "prova"
como sinal de um pluralismo
- que se existisse não se deixava obviamente apresentar como prova!
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Só o autismo de um ministro,
que vive na sombra do eng. Sócrates,
é capaz de transformar uma crítica interna num mero trunfo de propaganda.
Porque parte de um princípio contrário a qualquer tipo de pluralismo:
ou seja, que toda a crítica é inócua a partir do momento em que se considera
que a única alternativa à política do eng. Sócrates é o próprio eng. Sócrates, independentemente do fracasso da sua política e das suas promessas por cumprir.
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Afastada, durante seis meses, da política nacional,
por motivos pessoais, seguindo à distância as inúmeras celebrações do Governo,
os vários "escândalos" nacionais,
as desgraças da oposição,
os novos fundamentalismos que, por aí pululam,
as previsões económicas para 2008
e o invariável falhanço das reformas anunciadas,
fui vendo como o país se fazia e refazia, diariamente,
ao sabor das últimas notícias, perante a fragilidade de uma opinião pública
que se indigna com facilidade e se esquece com rapidez do que é, de facto, essencial.
lkj
Ao fim de pouco tempo, tudo se mistura e se esvai
numa amálgama de factos nivelados pela falta de memória,
donde nada sobressai: da eleição do dr. Menezes que,
num momento alto de patriotismo, garantiu que só correria, em território nacional, nomeadamente na Avenida dos Aliados e na Avenida da Liberdade,
ao optimismo do Governo perante o quadro desanimador da economia,
da miséria das reformas ao aumento do desemprego,
da Ota e do que lá se gastou inutilmente à nova polícia dos costumes,
da intromissão do Estado na vida privada dos cidadãos
aos negócios obscuros que, mais uma vez, serão investigados "doa a quem doer",
da contínua degradação da Justiça à farsa que se vive na Educação,
do referendo ao Tratado de Lisboa que não se vai fazer
à amena cavaqueira sobre as promessas dos políticos que ficam por cumprir,
da agonia pública do Banco Comercial Português (BCP)
à sua transformação numa espécie de delegação governamental,
da reacção do PSD que, em nome de uma justa repartição de lugares,
exigiu que um militante seu ficasse à frente da caixa Geral de Depósitos (CGD)
à vontade expressa do dr. Armando Vara querer ir para o BCP,
permanecendo, ao mesmo tempo, nos quadros da CGD,
ficou apenas uma impressão difusa,
subjugada pelo desejo permanente de novidade
e pela forma esmagadora como ela nos cai em cima.
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De um dia para o outro, a fragilidade do capitalismo português,
a dependência dos grupos económicos do Estado,
a promiscuidade entre o sector público e o sector privado
e todos os grandes negócios que ficam por explicar
são substituídos por umas intrigas no PSD
e pelo rapto da Marilu.»
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*Por Constança Cunha e Sá, editado na edição do Público de 24.1.08

Comments

antonio ganhão said…
Olha eu tenho um amigo que gostava muito do Menezes...

Está visto que com esta fauna não nos safamos. Está na hora de pegar na espingarda e ir à caça.
Anonymous said…
Caro Joshua,

Como ainda não obtive resposta ao e-mail que lhe enviei, informando-o da sua vitória no passatempo que correu lá pelo meu sítio e pedindo-lhe a escolha do seu prémio, decidi vir aqui à sua caixa perguntar se o não recebeu ou se ainda não o respondeu.
Caso seja verdadeira a primeira hipótese, isso significa que eu não tenho o seu e-mail correcto. Nesse caso, peço-lhe que me dirija um mail (o meu endereço está à vista no meu blogue) a comunicar-me o seu endereço. Ok?

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