TRÊS AUTÓPSIAS AO CENTRÃO-VENTRÃO
Conviria que, pelo voto ou pela lucidez exercida sob todas as formas, tudo se fizesse para que a sociedade civil se libertasse de este lastro:
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«No mesmo jornal, o Público, dois colunistas falam do "centrão" e de alguns do seus protagonistas. Luís Campos e Cunha define-o impiedosamente: «O Centrão é um bicho pegajoso, cinzento e gordo. Em termos políticos, é o conjunto de interesses que gravitam à volta do PS e do PSD (...). Nos tempos que temos vivido, corremos o risco de tal solução não ser sequer discutível, o Centrão já o é pela essência das pessoas. Ou seja, o Centrão não está no governo mas está no poder.» Vasco Pulido Valente, a propósito de Dias Loureiro, volta a defender esse prestigiado órgão de soberania que é a AR, local onde, de acordo com o articulista, Loureiro nunca devia ter comparecido: «se o dr. Loureiro se quer explicar, que arranje outra maneira de o fazer, sem envolver um órgão de soberania.» Por acaso não ocorreu a Pulido Valente que a intenção do "centrão" era mesmo essa, a de "envolver" o dito órgão de soberania através de mais uma inconclusiva e "dissolvente" comissão de inquérito? Só que Pulido Valente, em vez de recordar que Dias Loureiro é o "centrão" em pessoa, prefere "colá-lo" ao Chefe de Estado: «toda a gente percebe que ele precisa de se desprender depressa da infecta história do BPN e da SLN para não se embaraçar e não embaraçar o dr. Cavaco.» Embaraçar o dr. Cavaco? Se bem me lembro, Cavaco afirmou em público que o referido Loureiro lhe garantiu solenemente (repare-se na precisão do termo quando toda a gente sabe que Cavaco não é nada do género de quem aprecia divulgar conversas privadas) que não tinha "rabos de palha". Por outro lado, não me recordo de ter ouvido o conselheiro de Estado (por sinal indicado por Cavaco) vir a terreiro apoiar o PR aquando, por exemplo, do episódio do estatuto dos Açores. Pelo contrário, nos últimos tempos só temos visto o dr. Loureiro a louvar amigos "do peito" como Jorge Coelho ou com a biografia do "menino de ouro do PS" debaixo do braço, que apresentou comovidamente, definindo Sócrates como um "homem de afectos" cujo "optimismo faz bem a Portugal". Aquela coisa da "relação difícil com a verdade" não tem definitivamente exclusivos. Aliás, e parafraseando Campos e Cunha, Dias Loureiro não está no governo mas está no poder. É preciso meter explicador, dr. Pulido Valente?».
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João Gonçalves, in Portugal dos Pequeninos
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