O AVULSO COMO FORMA DE GOVERNO
Não é preciso alardear ser de Esquerda ou de Direita para reconhecer como límpida a evidência de que o governo está em gestão de danos e nada mais. O PS Governamental, ressequido de ideias e de coragem para assumir os seus erros, equívocos e incapacidades, trata de garantir a mal ou a bem uma imerecida reeleição. O resto, o que se desfaz e colapsa, por falta de um concetio e de um programa, por mais urgente que seja, é tratado como supérfluo e não é resolvido. Não é à toa que os especialistas em economia das TVs, normalmente alinhados pelo pacote de versões-papagaio da exorbitante máquina de Propaganda Governamental, vêm a terreiro declarar estranheza pelo facto de ser notório o bloqueio do crédito, a aflição das empresas, a ausência e inação do Governo. Por isso, é um sinal mais a atender que o «presidente do CDS-PP tenha hoje, em Coimbra, que irá requerer a realização de um debate parlamentar sobre a situação económica, defendendo que o governo "tem a obrigação de tomar mais medidas" neste domínio. "Os números são piores do que alguma vez o governo estimou ou reconheceu. O primeiro-ministro diz que não são precisas mais medidas do ponto de vista da situação económica e social: discordo frontalmente", afirmou Paulo Portas, ao referir que o debate de actualidade poderá ser convocado já para a próxima quarta-feira». Desde o início da legislatura ficara bem claro que a agenda governamental não tem uma estrutura, mas é guiada por uma permeabilidade ao contexto em que se movem os media, debitando no impacto sobre a Opinião Pública, a modalização da infomação parcializada sob o seu controlo e comando, quer nos tópicos quer na temporalidade de vigência deles. O tempo em que vigora uma matéria delicada e em que morre aí se move a Máquina de Propaganda Governamental e foi sempre nesse âmbito que os números da economia foram geridos, faltando sucessivamente à verdade por sistema até que a verdade se impusesse por si mesma sem que medidas estruturais fossem tomadas. É o avulso e não o orgânico o que move este governo. E, sim, está tudo por fazer e há muitas medidas a tomas, mas, para a deriva chavista-berlusconiana de Sócrates, tudo e todos podem esperar indefinidamente.
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