ULRICH, ELOGIO COM FERRÃO

Confesso a minha crescente admiração por este banqueiro que diz sempre umas coisas com as quais só nos faz bem estar em sintonia mínima. De esta vez, menos arrasador em relação ao Governo contra o que pudemos ler numa entrevista recente, usou de uma velha técnica de diplomacia: primeiro elogia-se, depois atira-se a ferroada. O elogio foi dizer que 'gosta' do actual primeiro-ministro, [um homem que passou a gastar menos nos anúncios dos anúncios das estradas com buffet e Comitiva Comilona (fiquei comovido com a sobriedade de ontem em Leiria e com o discurso de Lino transformando a linguagem das críticas na linguagem do auto-elogio e da própria retractação implícita), isto depois, mas só depois, que a Oposição verberou contra o preço cobrado/pago por evento de encher, na última acareação parlamentar]. A ferroada (escórpio télson) foi dizer que gostava de saber o que se passou realmente no dossiê Freeport, ciente como está de que tudo será a ser tratado para que não haja nada a saber ou, o que houver, envolva figuras menores, disponíveis para pagar o mesmo preço de Oliveira e Costa, de Vale e Azevedo: simbolizarem, e não mais que isso, justiça; serem os bodes sacrificiais para que aguém em número e qualidade escape impune e forrado com o produto do saque: «O presidente executivo do Banco Português de Investimento (BPI) defende que é preciso “fazer opções” no combate à crise económica e financeira porque “dizer todos os dias que o investimento público é bom já não chega”. Fernando Ulrich, que aplaude a resposta inicial do Governo, sobretudo em relação ao sistema financeiro, pede agora “mais reflexão e respostas mais estruturadas”. “Chegou a altura do Governo perceber que é preciso fazer opções, porque senão vamos bater na parede”, disse, numa conferência da Ordem dos Economistas sobre as saídas para a crise. Ulrich alertou – como já tinha feito anteriormente João Salgueiro – para a subida do défice externo, estranhando que “ninguém se está a preocupar muito com isso”. O líder do BPI defende que os estímulos à actividade económica devem ser feitos “numa escala inferior à que tem sido anunciada”. Sobre os problemas que o país deve resolver, além da Justiça e da Segurança – “é mentira que Portugal seja um país muito seguro”, afirmou -, Ulrich falou também do processo de licenciamento urbanístico que “é inaceitável e aumenta a desconfiança dos agentes”. Referindo previamente que tem “boa impressão do eng. José Sócrates” e que o considera “um bom primeiro-ministro”, acrescentou depois que “gostava que o caso Freeport acabasse bem, sobretudo para o nosso primeiro-ministro. Mas já agora gostava de saber o que se passou naquele processo de decisão”.“É preciso aumentar a transparência. Nesta matéria estamos a piorar. É preciso perceber as decisões”, afirmou. Ulrich reiterou também propostas que já referiu noutras ocasiões, como o espaço que defende existir para a criação de novos escalões de IRS para quem tem maiores rendimentos e para uma sobretaxa de IRC para empresas com elevados níveis de lucros».

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