QUANDO RANGEL ATRAPALHA

1. Elogiado à esquerda e à direita por ser um excelente parlamentar, à oitocentos disseram alguns, por ter dado recente pancada no PM para que o PM fizesse uma pausasinha no dar pancada por hábito em toda a gente no Parlamento como se toda a gente no Parlamento fizesse parte do seu governo imóvel e gastador, Paulo Rangel desilude-me ao ser correcto e condescendente de mais, perante as implicações e inferências do processo Freeport na credibilidade de toda uma legislatura. O que podemos inferir de toda esta questão é que as decisões políticas, sejam elas quais forem, ficam contaminadas com a respeitabilidade ou falta de respeitabilidade dos caracteres, pela credibilidade ou falta de ela. Uma mancha que seja, uma suspeição que paira e se confirma e reconfirma contamina de facto a governabilidade e a confiança institucional. O problema é que não é no PSD que vamos encontrar imaculados. Há mais vida, porém, para lá dos Partidos. A sociedade civil gera independentes, homens impolutos todas as décadas que a máfia partidária logo se apressa a destruir e a menoscabar. PS e PSD são o eucaliptal e a praga de gafanhotos de Portugal. Qualquer reles e cretino tem livre-trânsito, fazendo parte de este sistema em circuito fechado: «Referindo-se ao caso Freeport, o líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, considera que não se pode pôr em causa a governabilidade devido a uma investigação judicial, numa entrevista ao “Diário de Notícias” e à TSF. Para Paulo Rangel, o primeiro-ministro “não suscita confiança política” para os portugueses. Não obstante, diz, José Sócrates tem a “confiança institucional” do PSD porque “não se deve misturar justiça com política”.“Não pode de maneira nenhuma pôr-se em causa a governabilidade por uma investigação judicial cujos contornos são conhecidos e da qual não se pode fazer qualquer extrapolação política”, disse Paulo Rangel, referindo-se ao caso Freeport.» Basta pensar em Sílvio Berluscone, como dono de um portentado económico, ambicioso, movente de todas as formas de interferência na democracia italiana, no passado e no presente, no entanto eleito como Valentim e como Isaltino, o que não dá bom nome à democracia nem esperança à lisura como exigência primeira em quem elegemos para nos servir. Portanto, compreendemos que o PSD e o PS sejam uma mesma massa neste momento digladiando-se nos casos Freeport e BPN por quem sai mais envergonhado e enlameado. Só que para os devidos efeitos, aqueles casos são um só: o Regime Tresanda graças ao PS e ao PSD.

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2. Tardiamente. Com um olho inseguro nos Estados Unidos, «A difícil situação económica e financeira vai dominar a reunião de amanhã em Bruxelas dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que irão preparar uma série de reuniões ao mais alto nível previstas para as próximas semanas. O encontro faz parte do "esforço permanente de concertação" entre os Estados-membros e irá discutir a agenda de várias reuniões de chefes de Estado e de Governo dos 27, segundo fonte diplomática europeia.»