COMO OS ÚLTIMOS DIAS DE TREBLINKA


A dúvida persiste: o que fará o ME aos largos milhares que desobedeceram à lei da ADD que pressupunha a entrega dos Objectivos Individuais até dado prazo, já esgotado? Um dos campos da morte do Regime Nazi que melhor funcionava, o mais produtivo e organizado, era o de Treblinka. Foi o quarto campo de concentração em que fundamentalmente judeus eram exterminados em câmaras de gás, inicialmente alimentadas por motores a explosão e, posteriormente, adaptadas para matar em pleno com o Zyklon B. Localizado nos arredores da cidade de Treblinka, na Polónia, foi o primeiro campo onde, ao rumor do fim da guerra, foram dadas ordens no sentido de esconder os vestígios dos crimes ali perpetrados. Por isso todo o campo se mobilizou para aquela desesperada cremação de milhares de cadáveres, a fim de, pelo menos, ocultar o número de pessoas mortas. Para esse efeito testaram-se criativamente várias formas de o fazer com a maior eficácia possível. Qual o modo de empilhar cadáveres que melhor rentabilize a sua incineração?! Os técnicos logo concluiram que cadáveres gordos por baixo e cadáveres magros por cima era o melhor sistema, o mais rápido e o mais eficaz para a combustão. E assim os sobreviventes trabalharam arduamente dias e dias para o objectivo dos alemães. Talvez para muitos o nexo simbólico seja excessivo, mas a verdade é que a legislatura visou baixar a despesa corrente do Estado com pessoal e esse pessoal só poderia ser os professores, além de enfermeiros, por exemplo. Os professores, em grande número, infestaram a escola. Eram mesmo demasiados, os parasitas. Tinham privilégios. Era preciso pagar-lhes, c'horror! e ainda por cima o Sistema no fim de contas quase nunca era rentável com tantas reprovações e abandono escolar. Sim, já eram fustigados pela desordem social que permeabilizava a Escola e há muito que serem sovados moralmente se rotinizara fosse na sala de aula fosse na instância politizada dos Conselhos Executivos situacionisto-chantagistas. Era necessário que os professores apanhassem de mais lados e com mais força, esses grandes Ónus. Seria muito fácil bater e fazer bater nos professores. Desunidos, deixar-se-iam conduzir para as câmaras de gás da Divisão da Carreira, ingénuos e distraídos de que seria pelo seu próprio bem, mamã disse. E deixaram-se conduzir depois de mortos para a carreira para a triagem da punição chilena inútil, a ADD, esta ADD, só útil para desgastar e macerar até à desejada loucura. Isto contra os Fracos. Contra os Fortes?! É deixar os banqueiros e os seus COEs sossegados, coitados. E os shô directores gerais de coisa nenhuma, coitados?! Deixem-nos mamar à vontade e na sombra. Pois, mas agora que tudo falhou e a Lurdes Rodrigues foi naturalmente sapateira e sapateiros os seus inenarráveis secretários de estado, os três a coisa mais odiosa que o País viu, agora que tudo foi feio, o que é preciso esconder os estragos, queimar os vestígios, fugir às responsabilidades. Resta pois esgotar todas as consequências de uma desastrada caminhada rumo ao caos e ao terror sem saída airosa. Uma vez que não há forma de protelar os esclarecimentos que urgem quanto às penalizações para os desobedientes, «o PS viabilizou hoje um pedido de esclarecimento ao Ministério da Educação sobre as "consequências legais e disciplinares" da não entrega por parte dos professores dos objectivos individuais, no âmbito do processo de avaliação de desempenho. Na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, os partidos aprovaram por unanimidade uma proposta do PSD neste sentido, na qual a ministra Maria de Lurdes Rodrigues é ainda questionada sobre o "enquadramento legal" decorrente do incumprimento daquele procedimento. "Com efeito, as soluções normativas em vigor não se apresentam claras e inequívocas, designadamente para quem tem a responsabilidade de fazer cumprir a lei e executar o referido processo de avaliação de desempenho", lê-se no documento hoje aprovado no Parlamento. O deputado social-democrata Pedro Duarte sublinhou o facto de ter sido toda a comissão a solicitar esclarecimentos, e não apenas um grupo parlamentar individualmente. "Ou o Governo não sabe a resposta e isso é um sinal de desorientação ou sabe e não quer dizer para manter o clima de pressão e incerteza sobre as escolas", acrescentou o parlamentar do PSD.» Podemos apostar simultaneamente nas hipóteses a) e b), isto é, a) o governo não sabe a resposta e está desorientado e, b) o governo não quer dizer para manter o clima de pressão e de incerteza sobre as escolas.

Comments

antonio ganhão said…
As respostas são sempre vagas...

Bom texto.

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