BdP/ME: AMEAÇAR, COAGIR, PRESSIONAR
1. O que é que nos pode surpreender mais?! Desde os célebres telemóveis partidos contra a parede ou contra o chão, após duros telefonemas para os jornais com vista a condicionar os pontos de vista investigatórios e livre-concludentes dos respectivos jornalistas, nada nos pode apanhar de surpresa à medida que uma das pernas do tripé do Regime (vamos por partes!) se escaqueira. E menos agora que os deputados da comissão sobre o BPN e a supervisão inerente [não apenas do PP, mas também do BE] criticaram a posição tomada pelo Banco de Portugal após as declarações corajosas e altamente comprometedoras na semana passada pelo antigo quadro do BPN António Franco. Num ponto prévio à reunião de hoje, o deputado do CDS-PP Nuno Melo pediu à presidente da comissão de inquérito à nacionalização do BPN e à supervisão inerente que intervenha junto do Banco de Portugal para que esta instituição deixe de "ameaçar pessoas" que prestam declarações na comissão. Na semana passada, após a audição do antigo quadro do BPN António Franco, o Banco de Portugal emitiu um comunicado em que lembrava que o ex-director de Operações do BPN colaborou "na prestação de informações incompletas e não verdadeiras às autoridades". No dia em que foi ouvido pela comissão, o ex-director de Operações do BPN tinha afirmado que o Banco de Portugal não fez as perguntas suficientes para descobrir o Banco Insular, uma vez que em regra se "contenta com meias respostas" que fazem "desaparecer os problemas". Meu Deus, será que a verdade não pode ser dita e vir livremente à tona?! E, mais, será que em Portugal é possível uma ou outra demissão purgante e moralizadora?! Pelo visto, não. Esta gentalha, que anda a ganhar balúrdios para fazer vista grossa a tudo e a todos, quer mesmo que o País afocinhe no esterco institucional e passe imune ao mau exemplo e dissolução gritante de que tudo isto se tece.
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2. Além das marcas de uma governação falhada, o desemprego, o colapso do Regime sob a imponderabilidade dos casos Freeport e BPN, para dizer o mínimo, ainda a toada abespinhada do bronco e misterioso Ministério da Educação: «a docente que este mês foi escolhida para porta-voz dos 212 presidentes dos conselhos executivos que contestam a avaliação dos professores, Isabel Le Gué, interpretou hoje como “uma forma de pressão” e “uma manobra intimidatória” a mensagem de correio electrónico enviada pela Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) para escolas daquela área do país, em que se pergunta qual “a posição da Comissão Executiva relativamente aos docentes que não entregaram os Objectivos Individuais”.“Não vejo que utilidade possa ter essa informação para a DREC ou para o Ministério da Educação”, disse, quando contactada pelo Público, Isabel Le Gué, presidente do Conselho Executivo (PCE) da secundária Rainha D. Amélia, de Lisboa, considerando que o objectivo “só pode ser pressionar, no pior sentido”.» O que mais me impressiona é a falta de contundência nestes desabafos contra uma pressão administrativa num processo que no computo global falhou, paralisou, não existe. Impressiona-me a excelência de sofrer sem perder as estribeiras. Disso não sou capaz. Um dia faremos com os gestores públicos e a gangada que suga o Estado a doer, obscuramente, sem nos dar quaisquer contas, o que a legislatura resolveu fazer, pífia, aos professores, ceifando trigo e joio, macerando, levando tantos, sei de uns poucos de casos, a mortes prematuras por pura angústia e puro pânico. Isto, este desastre processual contra os Professores, fundado num preconceito e numa mentira que serviram para desviar as atenções da fonte verdadeira de todos os despesismos injustificáveis, não merece perdão. A quem não sabe fazer até as mãos estorvam.
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