ANA GOMES: O CENTRÃO QUE LHE DÓI
Nunca compreenderei a eurodeputada socialista Ana Gomes. Ao que parece, lamentou hoje a supressão da referência a Portugal na resolução sobre a CIA aprovada pelo Parlamento Europeu, afirmando que mais uma vez funcionou o “conluio” do “centrão” entre direita e esquerda. Mas ouve-se mal a mesma eurodeputada em semelhante tipo de insurgência contra o Centrão quando este actua impudicamente nos negócios internos do País, na mão que lava a outra, seja na Justiça pela absolvição indevida de quem, num país sem Centrão, nunca poderia ser absolvido e reabilitado, seja no que for a ocultar e a enterrar e que se resume nesse enorme silêncio ocupado a devorar Portugal. «O Parlamento Europeu aprovou hoje, em Bruxelas, uma resolução sobre a utilização de países europeus pela CIA para transporte e detenção ilegal de prisioneiros, sem qualquer referência específica a Portugal, suprimida por iniciativa da delegação do PS. No texto final, aprovado hoje no hemiciclo com 334 votos a favor, 247 contra e 87 abstenções, “caiu” a referência a voos em Portugal “durante o Governo (Durão) Barroso”, tal como constava na versão original do projecto de resolução comum.» De resto, este é apenas um negócio político entre muitos, chamem-lhe direita e equerda, chamar-lhe-ei mercearia de interesses, diplomacia do que se dá e do que se recebe: Luís Amado suprime enunciados com o dedo apontado a Barroso e com tal lealdade governamental, Barroso seguirá sendo um secreto, implícito e explícito indefectível de Sócrates. Vê-lo-emos a terçar em breve algum elogio ou alguma recomendação eleitoralina e logo num momento em que o mundo de este último ameaça ruir apesar de tanto poderzinho acumulado em todas as direcções, forma de ser Padrinho. Não é por acaso que o Ti Júlio tem dúvidas sobre «se conseguem», quanto à possibilidade de aquele ser constituído arguido. Temos de tê-las também, sobretudo depois de o PGR vir dizer aos pobres jornalistas que depois poderiam consultar o processo Freeport todo, de fio a pavio, para verem «as barbaridades» que foram escritas. Que barbaridades? Haverá maior barbaridade que a PGR não ter funcionado em tantos anos? Habituaram-se a tratar-nos por Gente Menor. É esse o Todo o Mal.
Comments