DOIS KARMAS E DOIS ANTICLÍMAXES

Nada mais óbvio que reconhecer esta evidência: a época não poderia ser mais negra para Vítor Pereira assim como não poderia estar a correr pior a André Villas-Boas. Provavelmente a um falta-lhe o adjunto ideal, e, a outro, o líder [o pensador do futebol, o mister, o chefe, o patrão, o cérebro, o estratega] ideal, à sombra do qual o adjunto mais brilharia, embora com aquele brilho fosco de quem fica confortável apenas à sombra e na sombra, quentinho onde, de resto, está muito bem. Um erro grave de julgamento e uma crassa precipitação, essa abalada imprevista de um jovem treinador para a terra emproada dos bifes, apostadíssimos em inviabilizar, por todos os meios, um novo Mourinho e mesmo um novo Robson, ou não houvesse por ali, silente e cúmplice, a devida omertà-panelinha desportiva, no domínio arbitral, no domínio económico, nos interesses instalados, no rodízio de resultados, mesa em torno da qual, embora à vez, chega para todos os previamente inscritos no clube e o outsider se vê devidamente rechaçado e posto no seu lugar, o insucesso e a irrelevância, após tão esplendorosa glória fácil e efémera. Enfim, não se trata de uma terra de santos a dos bifes ou what ever: por aquelas paragens [anti-russos, anti-tugas, anti-etc.] também não se dá ponto sem nó  se há proteccionismo extremo numas coisas, também há noutras. Quanto a AVB e VP, as coisas são como são: estão unidos da desventura e, no fundo, num só karma e num só anticlímax. Dois homens talvez só realizados quando de novo umbilicalmente fundidos pelo menos até que o sucesso os separe outra vez.

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