ODIAR O GOVERNO? MAS NÃO PASSOS

Há horas terríveis e é sob o espectro do terrível que Portugal se prepara para fechar o ano de 2011. Não se pode compreender os elogios da Troyka como um sinal de anestesia das dores por que a nossa sociedade passará, mas como confirmação de um caminho por muito tempo contornado em favor de metas partocráticas e lógicas demoníacas de poder pelo poder: não se pode chamar Esquerda à Esquerda que nos sepultou nem Direita à Direita que nos rege agora. Os primeiros foram uma merda recente apoiada em Propaganda. Os segundos escolhemo-los nós para salvar o rectângulo. O futuro está fechado. Desemprego duradoiro e emigrar. A endividados não resta outra coisa senão a obediência aos credores. Um Governo desobediente e trapaceiro colocar-nos-ia em maus lençóis, em piores lençóis. Quem manda em nós, enquanto nos não reestruturamos, é o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia. Graças a eles, finalmente adveio-nos a verdade nua e restritiva da política dos factos e não das ilusões e do mercado das boas intenções. Até à chegada da Troyka trazida pela mão dos defensores estrénuos do Estado Social falido e endividado e das postas de pescadas enroupadas por folhas de jornal dos Congressos PS, o que tínhamos eram sucessivas orgias eleitoralescas feitas de ajustes directos, loucuras despesistas, comprando opiniões favoráveis, encharcando os Fora com apoio e refrões encomendados a fim de garantir sossego e reeleição, apesar da incompetência e da desonestidade de base. Por enquanto, o País retrocedeu à condição temporária de mendigo, tendo por quotidiano a penúria. Para sair disto, não adianta odiar o Governo ou seria preciso começar a odiar figurões desde o princípio de este enorme equívoco de uma democracia sem justiça, escrutínio judicial independente, zelo e denodo na defesa do interesse geral. Por isso, encontre cada qual um caminho de saída, uma forma de remar contra a maré adversa que engrossa, uma união nova, uma solidariedade atenta e militante, empreendedora e criativa. Talvez os nossos ricos se organizem para serem finalmente portugueses parte dos demais portugueses e não portugueses à parte. Talvez se dê um fenómeno positivo absolutamente imprevisto e fecundo, uma resposta ao nível da do Estádio da Luz, onde milhares formaram um só corpo coeso e imparável num grito que se resumia nisto: «Será preciso muito mais que um Governo Circense chefiado por Sócrates, um Primeiro-Ministro Pantomineiro e Primadonna, será preciso muito mais que um défice que nunca se estanca, uma dívida pública alegre duplicada em apenas seis anos, ou mesmo umas agências de rating norte-americanas a apodar Portugal de "lixo" para nos levarem ao tapete». Não vale a pena odiar o Governo Passos no seu estilo pronto-socorro e na sua obediência total aos ditames externos. As regras não são nossas. Olhe-se bem para Pedro Passos Coelho. Haverá ali alguma coisa que se assemelhe à cara de cu indescritível do parisiense respaldado e escondido Sócrates de quem nem se fala, de que nem se escreve, cuja governação não se evoca num corte automático com as causas, num juízo implacável sobres os ministradores das consequências?! Perguntem-se bem por que motivo não há palavras nos media sobre o caminho infernal trilhado pelo dueto de cegos, coxos e manetas Sócrates/Teixeira. É isto um País normal e com media normais?! Não me parece.

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