A PROSTITUTA ALCINA OU O PATÉTICO SÁDICO
O caso do desaparecimento do Rui Pedro tem todos os ingredientes para nos fazer padecer um tipo de impotência e revisitação de angústias não desejável ao pior inimigo. Saber ou não saber por que caminhos andou a criança no famigerado dia 4 de Março de 1998, saber ou não saber que almoçou «à pressa» na cozinha do restaurante da família; saber ou não saber que se dirigiu à escola de condução da mãe que lhe negou o pedido de autorização para ir passear com Afonso Dias, saber ou não saber que o Afonso terá convidado Rui Pedro e um primo deste, João André, para irem lançar foguetes e depois a visita a uma prostituta em Lustosa, Freamunde, na qualidade não se sabe se de prostituta se de noutro papel, saber ou não saber que o ponto de encontro terá sido um terreno nas imediações da escola, conhecido como «campo do senhor Lousada», saber ou não saber que Afonso disse ter visto Rui Pedro naquele local, negando que no fim de contas o Rui tenha acabado por acompanhá-lo até àquela mulher, Alcina Dias, que confirmou ter estado com Afonso e Rui Pedro nessa tarde. Não sabemos se sabemos se alguém sabe o que quer que seja. Daí que uma via esteja aberta, uma laceração, aliás. É por essa ferida familiar e colectiva que verterá este processo, quinhão de dor e desconforto talvez para coisa nenhuma e nenhum descargo de consciência.
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