GASPAR, MONTI, PAPADEMOS

Escusado será iludir a realidade. No mesmo tempo crítico em que vemos primeiro-ministros não eleitos como os messias urgentes e possíveis das economias grega e italiana, convém que lancemos os olhinhos para quem é e como é ministro das finanças em Portugal, desempenhando exactamente o mesmo papel, quase secundarizando Passos. Já muitos o concluíram, especialmente os socialistas-socratistas, habituados a ver o Sapateiro Sócrates a tocar Rabecão ao colo do inefável Teixeira dos Santos. Quem haveria de nos recordar os custos imponderáveis que o Gaspar não mediu «designadamente, os resultantes da desmotivação e mesmo o boicote activo às estratégias governamentais»? Os socratistas-socialistas. Quem nos recordará «quantos funcionários na hora de sair não vão pensar “o Gaspar que venha apagar a luz!” ou “o Gaspar que venha desligar o aquecedor!”» [a fértil imaginação que estes socialistas-socratistas acalentam como se o aquecedor e a luz não fossem pagos com impostos]? Os socratistas-socialistas. Sim, corremos o risco de nos desmotivarmos, especialmente os que não levam para casa quinhentos euros nem seiscentos, nem setecentos, nem oitocentos, como eu e muitos, mas ganham mais, muito mais. Daí que soe a absolutamente pernicioso e todo um tratado de descaramento e desonestidade a sugestão de que os funcionários públicos passarão à indecência levando a sua desmotivação ao fim do «sentido do serviços público passando a comportarem-se como meros assalariados maltratados pelo Gaspar». É como se na luta política valesse tudo e a sugestão de tudo, incluindo «o impacto nas receitas fiscais da desmotivação e desorganização que grassa na administração fiscal.» Monti, Papademos não poderão deixar de fazer o que Gaspar se antecipou a fazer e o que interessa é a rapidez do processo a fim de que o impacto recessivo do corte dos subsídios seja o mais curto possível, configurando um reajuste rápido. Estupidamente, os socratistas-socialistas insistem nesta tonteria de que os funcionários públicos são odiados pelo Gaspar e foram eleitos vítimas exclusivas, talvez queiram que penemos lentamente pela década, tecendo medidas a toque de caixa e segundo o empurrar com a barriga que caracterizou as duas legislaturas socratescas. Sim, pode dizer-se que Gaspar é um super-ministro, um vice-primeiro-ministro, cumprindo em Portugal mais cedo e o mais célere possível o que Monti e Papademos farão nos seus países talvez tarde e a más horas com custos para os demais países em taxas de juro mais pesadas dado o contágio inescapável a que se assiste. Não há aqui uma lógica de perseguição ou de ódio ao funcionário, mas uma óbvia lógica de necessidade. 

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