NOSSOS RICOS, NOSSAS LESMAS
Louve-se a atitude simbólica do grupo de 138 milionários norte-americanos que, no auge da sua má consciência perante o oceano de jovens excluídos e maduros literalmente sem-futuro/desempregados norte-americanos por aqui e ali a ocupar praças, recantos, e sobretudo a engrossar a voz, enviou uma carta aos líderes do Congresso e ao Presidente dos Estados Unidos pedindo que lhes fossem aumentados os impostos «pelo bem da nação». Por cá, para começo de conversa, esta expressão é logo fuzilada por meio mundo de comentadores e proprietários do politicamente correcto, muitos deles bloggers com créditos firmados na praça. No fim, se nos pusermos a considerar os nossos ricos, pelo contrário, esse escol de milionários com décadas de fuga espertíssima e expertíssima ao fisco, tudo faria para concretizar ainda mais fuga esperta e sábia à fiscalidade por todos os interstícios possíveis, conforme o exemplificam esses admiráveis sôfregos Lima, Vara e tutti quanti, fauna de ricos recentes, sem chique, sem toque de classe quanto mais história, prestígio, legado moral ou sentido social. Estou em pulgas para ler o que escreverão amanhã, caso peguem neste assunto, os meus adorados cronistas Manuel António Pina e Ferreira Fernandes, eles que muitas e muitas vezes puseram o dedo na ferida indescritível das lesmas sociais a que se resumem os nossos ricos.
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