TRIUNFO SOBERBO, GLORIOSO E SERVIDO A FRIO

Este jogo contra a Bósnia não foi somente um jogo. Foi a manif mãe de todas as manifs. Manif de Unidade, Determinação, Crer e Orgulho, num momento em que toda a sociedade portuguesa justamente se rebela, se fractura, porque se sente impotente contra a lei inexorável das coisas da finança e da economia europeias e mundiais, após não pouco azar com quem a tem pastoreado tão com os pés. Não há Greve nem Crise quando este Povo canta com absoluta paixão o seu hino num grito para além da voz. Essa manif foi toda dos jogadores, solidários, numa pressão sufocante e impiedosa sobre as primeiras e segundas bolas, sobre o bósnio mais à mão e mais ao pé, mas foi igualmente do público, múltiplo, colorido, que entretece um Portugal rico na carne, na esperança, na sua valia humana e humanística, na histórica capacidade de transcendência. Havia uma 'vingança' a ser servida gelada. Soberbos Ronaldo [eficaz, brilhante, e liderar um apelo inteligente a Paulo Bento e à sua capacidade de perdoar «porque errar é humano»], Moutinho, Veloso [temos trinco e temos craque!], Nani [fabuloso!], Coentrão [toda uma filosofia de combate extremo até ao limite da linha de fundo!], novamente Pepe. Todos. Bento também. Provocados pela extrema hostilidade de um povo que se mostrou passional e inóspito especialmente com Ronaldo, os nossos jogadores deram uma resposta memorável. Que sirva de símbolo e modelo para nós mesmos, para os nossos desafios presentes e próximos, mas símbolo e exemplo para o mundo: Portugal só é pequeno no plano territorial, se não incluirmos a interminável massa oceânica que nos beija e nos pertence como zona económica exclusiva e estrada do sangue cruzado e trocado, em África, na América, na Índia, na Oceania. No mais, enquanto Povo espalhado pelo mundo aos milhões, poucos serão tão grandes. Não será pela abundância dos espinhos que não dobraremos qualquer cabo, portugueses! Ânimo! Coragem! Ao leme, na proa, na popa ou no caralho, a glória é nossa!