PORTO PEREIRA OU E PLVRIBVS VNVM
Vi unicamente o resumo do jogo. Registo a vontade e a união como o principal milagre do meu querido Porto contra o Shakhtar Donetsk, mas também registo a contenção tensa e lacónica na entrevista de Vítor Pereira, no final, a sua raiva tensa, feroz, inconformada, severa e exigente com os jogadores ao longo do jogo. Nada me daria mais prazer que eu, o Miguel Sousa Tavares d'A Bola, e milhares de outros portistas rápidos a fuzilar o boneco fácil da derrota, a especular motivos e rumores, estivéssemos completamente enganados sobre a inaptidão de base do treinador. E assistíssemos, antes, após não pequenos tormentos, não apenas à ressurreição da qualidade e da unidade em campo do nosso FC Porto [sem excluídos Rodriguez nem queimados Maicon, nem punidos Otamendi], mas sobretudo à ressurreição e ao crescimento de um treinador dando os primeiros passos, afinal nada mais que um Mister em Construção, como o Operário de Vinicius, que observa, toma consciência, e aprende a dizer «Não!». É verdade que merecidamente o Vítor tem apanhado toda a espécie de bordoada verbal, excluindo os insultos que não pesam em substância, [bem sei que o não tenho poupado a críticas e observações], mas se for para transformações auspiciosas como a desta noite, a garra de esta noite, a focagem absoluta desta noite, não morderei a minha língua!]. No final, o bom resultado averbado, os abraços dados entre todos, o guarda-redes fantástico, sempre grato a Deus, começo da mais funda e genuína humildade de mortais nas mãos do Alto, a alegria, enfim, e o alívio de todos. Isto tudo pode até ser simbólico e alienante, sobretudo quando se vai ter fome e suportar muitas outras faltas. Mas fez-me por um momento um pouquinho mais feliz.
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Grato.