TANTO DIOGO, TANTA POMBA ASSASSINADA
Não conheço uma só alma que antipatize Diogo Infante, ex-director artístico do Teatro nacional D. Maria II durante os últimos três anos. Posso estar equivocado e o meu juízo falhar aí. Poderá haver uma queda irresistível para a pedantaria e a narcísica autocontemplação perpétua. Não sei. Quando, porém, DI fala de uma ausência de estratégia política por parte do actual Governo deveria falar, antes e em primeiro lugar, que não há dinheiro para grandes estratégias, só para imaginativas. Aliás, caber-lhe-ia ter tido uma, mesmo sob a forma de propositura, que não teve. Ao que parece. Concedamos-lhe a legitimidade de sentir-se magoado e injustamente tratado perante os dados que o próprio SEC considerou mostrarem uma gestão rigorosa e que merecia louvor, mas ressalvemos o facto simples e luminoso de se ter posto a jeito. Agora é tarde para lamentos e suspiros líricos, segundo a tão parodiada máxima liriquista «tanta pomba assassinada». Se havia um futuro para o Teatro nacional D. Maria II consigo, agora já não passa por si, pelo que o melhor, Diogo, será esvoaçares para outras paragens, sem mágoa e sobretudo sem olhar para trás.
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