TEMPLOS DO MASTURBATÓRIO
Não tenho opinião formada acerca da igreja-caravela que o arquitecto Troufa Real desenhou para o alto do Restelo, em Lisboa. Não sei se Troufa tem sensibilidade espiritual, se a inscreve na Reforma Litúrgica, se leu as actas ou está em sintonia com o Movimento Nacional de Pastoral Litúrgica. De um modo geral, o belo arquitectónico associado a templos católicos, quando devidamente conseguido na contemporaneidade, encanta-me para além do que as palavras possam traduzir. Depois há o que, como cantor, possa ainda ter a dizer de como o som dentro reverbere e repercuta, ponto nada despiciendo em templos modernos. Se este será ou não será um dos templos católicos que mais polémica terão desencadeado nas últimas décadas, também não sei. Só sei que esse tipo de polémica [os fiéis é que se atravessam e pagam, mas enfim!] é normal dentro da grande e plácida anormalidade e boçalidade das obras públicas sumptuárias que o contribuinte paga e não bufa, enquanto grande admirador de foguetes e apanhador das canas que os governos lançam, na ânsia pífia e masturbatória de deixar obra e semear reeleição. Os partidos de Governo é que têm sido Templos do Masturbatório, em dívida, incúria, patifarias com o Erário, Escritórios de Insanidade. A Igreja está no seu direito de promover o seu culto e até de fazer coisas feias e pindéricas, se for Ela, isto é, os seus a pagar. Portanto, não se exagere no criticismo faccioso. Mesmo o Cardeal Patriarca Socialista, o grande negligenciador do socratismo-abortismo, mesmo ele pode deixar de ser pantomineiro, se fizer o favor. Nestas coisas, o homem sonha e a obra nasce. Não se sabe bem, porque não se pode saber, se Deus quer.
Comments
Ass.: Besta Imunda
O tempo passou e independentemente do "gosto" as Amoreiras são um ícone. Como Taveira muitos outros por esse mundo fora causaram estranheza e até repugnância. Mas hoje, 20, 25 anos passados é inegável que muitas dessas obras são um exemplo de que por vezes a história da arte e da arquitectura avançam por saltos polémicos. Aconteceu o mesmo com o classicismo e com o renascimento. Frontões quebrados, molduras de janelas exageradas etc etc. Proporções bizarras nas colunas. Oh que crime!!! E o que dizer do modernismo de Gaudi? Quantos não o consideraram louco? Guell, o seu mecenas acreditava nele incondicionalmente. Com outros não era bem assim.
E o que dizer da ruptura causada por um templo como a Sagrada Família?
Troufa nunca foi um dos meus favoritos. Aposta em chocar, tal como Taveira o fazia antes de se tornar mais complacente, mas a obra diz respeito a 3 entidades principais - O promotor, o criador e quem licencia. Se houvesse uma comissão do gosto constituída só por arquitectos nunca haveria consenso.
E quem punhamos na comissão de gosto? Roseta, a arquitecta sem palmarés? Rodeia, o bastonário arquitectolítico?
Eu por exemplo não gosto Siza. É bland e minimalista. Não gosto da "receita Ghery". Mas no outro extremo gosto de Soutinho ou de Loyd Wright com paixão. Obras de diferente épocas, escolas completamente díspares e nada ou quase nada relacionadas. Mas é o meu gosto. Não posso dizer que é certo ou errado. O mais que posso dizer é que é boa ou má arquitectura e nisso tenho de concordar que os espaços criados por Ghery são fantásticos, ou que Siza consegue transmitir paz.
Como dizia Mies van der Rohe "Deus está nos detalhes"
Esta igreja irá tornar-se um ícone por boas ou más razões, tal como aconteceu com as Amoreiras ou com a Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Teotónio Pereira com betão à vista. E é precisamente nos detalhes que está Deus.
Se a arte, a arquitectura e a música se medissem pelo gosto vigente, Picasso, Gaudi e Mozart seriam talvez dos piores de sempre.
Mantenham-se calmos. As coisas que detestamos hoje podem muito bem ser as coisas que vamos apreciar amanhã.
O que me interessa é a Igreja-Jesus Cristo. E, conquanto Cristo esteja na Eucaristia. tudo está bem.