VELHOS SOCRATISTAS DESCOBREM A PINOCHETADA
Por que me dou eu ao trabalho de escrutinar o discurso político e o comentário económico dos socratistas? Para perceber melhor as razões do nosso atraso, plasticidade cretina da nossa demência colectiva, a nossa falta de sentido do justo comum, do belo comum, para não dizer do nosso bem comum, aliás incomum e de uma minoria movente de Orçamento em Orçamento, de poder eleito em poder eleito. Veja-se como o blogue O Jumento recrudesce e burila a sua retórica anti-Gaspar. Gaspar, um ministro infinitamente mais honesto do que o refugo Teixeira dos Santos, é agora uma espécie de espécimen a perseguir pela retórica socratista remanescente. E como apodar este Orçamento? Uma «pinochetada económica concebida por um ministro das Finanças fundamentalista». Aqui nos situamos. Por um lado, não se fala de quem endividou Portugal e se auto-exilou em Paris, como um reles refugiado cleptocrata. E note-se que Ben-Ali, [com sorte Mubarak, com sorte Kadhafi, com sorte quaisquer tiranos árabes, africanos, expelidos dos seus governos usurpadores por multidões em rebelião unidas pelo Twitter e pelo Facebook], resistiu, mas acabou exilar-se. Sócrates também. Estas mentes socialistas-socratistas são incapazes de compreender que toda a dor austeritária deverá ser concentrada, curta no tempo. Será inevitável uma recessão de 3%. Qualquer reestruturação empresarial prova um facto recorrente e básico: antes de voltar a crescer e a crescer com realismo e verdade, é preciso contrair bastante. Os riscos que se correm são enormes, daí que a coragem e a verdade devam estar na cabeça de quem governa: espiral de recessão, a bancarrota e o conflito social generalizado não podem tolher o rumo de saneamento das nossas contas públicas. Se O Jumento considera a política deste Governo uma «política fundamentalista [que] vai conduzir a economia portuguesa ao abismo», deverá enunciar a alternativa, já. Propor ideias e saídas, já. Eu proponho que se vá simbolicamente ao bolso pessoal dos comissionistas do PS-Governo. O previsível inferno de 2012, os 3% ou mais de recessão, não deveriam suscitar tamanha festa milenarista a um sector da opinião e da acção política directamente responsável por isto e que O Jumento, à frente dessa comissão de festas, representa. Não é sério denegrir Gaspar como «desastrado ministro». Lá, onde se fala de «pinochetada orçamental do Gaspar», deveria falar-se dos sinais apaziguadores emitidos para fora do País, nunca mais acusável de dizer uma coisa e fazer outra, como com o picaresco Sócrates. E ainda é de menos perante a gigantesca tarefa de nos tornarmos solvíveis.
Comments
Relembro o texto, que, como sabe é sempre brutal e fatal
http://braganzas.blogspot.com/2011/09/laffaire-kaos-seguido-de-madame-miriam.html
ficaram com o cu à mostra
e constiparam as hemorroidas