ORAÇÃO-PÃO PARA O CAMINHO 2008


Busco-vos de todo o coração, Meu Deus.
Talvez os que me lêem patologizem o que escrevo,
mas o que escrevo é porque Vos busco.
Não limpo de escória o que escrevo,
não encho já de Serenidade
e Posse de Vós o que escrevo, meu Deus.
Não ainda a contenção educada.
Não ainda o pudor e a ética higiénica no que escreva.
Não ainda a assepsia cuidadosa e delicada no que escreva.
Não ainda.
Por enquanto, também a loucura,
por enquanto, também o impulso,
por enquanto, também o imprevisto.
Quem me lê só à superfície, que não perceba já o âmago de mim,
quem fica na minha letra e não penetre no Espírito do que escrevo,
que não perceba já o âmago de mim.
Só no fim, juntadas todas as peças,
vista a paisagem inteira de mim, Tu lá estarás,
escondido entre nas minhas contradições e rebelias.
Presente no cerne-Cedro dos meus acessos e fúrias.
Porque eu hoje sou um rio em enchente, bruto, táureo, caudaloso,
rumo a Ti-Foz, revoltoso em espumas, em bruás
e levo lamas
e levo troncos
e levo lixos de insatisfação por mim mesmo (sou remoinhos! sou vórtices!)
e pelos meus irmãos à míngua.
Todavia, não estou perdido: firmei meus pés em Ti há muito tempo.
Tu, antes, Tu, durante, Tu, depois,
ó Cristo nascido da Virgem,
Senhor do Cosmos,
da História Alfa e Ómega!
Supremo Demiurgo-Logos-Verbo Criador!
Supremo Taumaturgo de todo o meu ser!
És Tu somente o meu Alfa e o meu Ómega,
Sentido Último de tudo em mim.

Comments

Anonymous said…
Magnifica ode-cântico ao divino, ao platónico demiurgo, demiourgós só-Criador (de tudo quanto existe), ao fazedor de milagres em nós, todos os dias... o milagre de estarmos Vivos e não apenas vivermos.
Boas Festas.
Um abraço,
JP

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