ESCOLA COM CARÁCTER E ELES NO SÍTIO CONTESTA A AVALIAÇÃO
Por sugestão do meu coblogger Arrebenta aos demais cobloggers
do Vicentinas de Bragança,
passo a divulgar um facto luminoso
de sintomática coragem, sobretudo num momento
em que se multiplicam as Conferências de Imprensa de este Ministério Peregrino,
e as suas chamadinhas communiqué dos jornalistazinhos,
(e até podiam ser mil Conferências de Imprensa, minuto a minuto!)
para suavizar verbalmente a coisa e mostrar inaudita flexibilidade
e inaudita articulação, depois de urgentes reuniões
e a constituição de grupos de trabalho de última hora.
lkj
E de repente, as políticas do Governo, e da Educação em particular, que eram inflexíveis,
esvaziadoras de quaisquer vozes desalinhadas, questionadoras,
insubmissas, passam a privilegiar a multilateralidade.
Mas, sinceramente, este ser multilateral de última hora só pode ser Carnaval:
lkj
"Os professores do Departamento de Línguas e Literaturas,
na sua reunião ordinária de hoje, 5 de Março, abordaram, inevitavelmente,
o modelo de avaliação que nos querem impor.
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Após demorada, participada e viva discussão,
os respectivos professores decidiram redigir
e aprovar o documento que, de seguida, transcrevo na íntegra:
. Atendendo a que, sem fundamento válido, se fracturou a carreira docente em duas: professores titulares e não titulares;
. Atendendo a que, sem fundamento válido, se fracturou a carreira docente em duas: professores titulares e não titulares;
. Atendendo a que essa fractura se operou com base num processo arbitrário,
gerando injustiças inqualificáveis;
. Atendendo a que os parâmetros desse concurso se circunscreveram,
aleatória e arbitrariamente, aos últimos sete anos,
deitando insanemente para o caixote do lixo carreiras
e dedicações de vidas inteiras entregues à profissão;
. Atendendo a que, por via de tão injusto concurso, não se pode admitir,
sem ofensa para todos, que seguiram em frente só os melhores,
e que ficaram para trás os que eram piores;
. Atendendo a que esse concurso terá repercussões na aplicação
do assim chamado modelo de avaliação, já que,
em princípio, quem por essa via acedeu a titular
será passível de ser nomeado coordenador e, logo, avaliador;
. Atendendo a que, por essa via,
pode muito bem acontecer que o avaliador seja menos qualificado que o avaliado;
. Atendendo a que o modelo de avaliação é tecnicamente medíocre;
. Atendendo a que o modelo de avaliação é leviano nos prazos que impõe;
. Atendendo a que o modelo de avaliação contém critérios subjectivos;
. Atendendo a que há divergências jurídicas sérias relativas à legitimidade deste modelo;
. Atendendo a que há divergências jurídicas sérias relativas à legitimidade deste modelo;
. Atendendo a que o Conselho Executivo e os Coordenadores de Departamento
foram democraticamente eleitos com base nas funções então definidas para esses órgãos;
. Atendendo a que este processo, a continuar, terá que ser desenvolvido
pelos anunciados futuros Conselhos de Escola,
Director escolhido por esse Conselho, e pelos Coordenadores nomeados;
. Nós, professores do Departamento de Línguas,
da Escola Secundária D. Maria II, não reconhecemos legitimidade democrática
a nenhum dos órgãos da escola para darem continuidade a um processo
que extravasa as funções para as quais foram eleitos;
. Mais consideram que:
. Por uma questão de dignidade e de solidariedade profissional,
devem, esses órgãos, suspender, de imediato, toda e qualquer iniciativa
relacionada com a avaliação;
. Caso desejem e insistam na aplicação de tão arbitrário modelo,
devem assumir a quebra do vínculo democrático
e de confiança entre eles próprios e quem os elegeu,
tirando daí as consequências moralmente exigidas.
lkj
Notas:
1 – Dos 22 professores presentes, 21 votaram favoravelmente e 1 votou ccontra:
1 – Dos 22 professores presentes, 21 votaram favoravelmente e 1 votou ccontra:
2 – Para além de darem conhecimento imediato deste documento aos órgãos,
ainda democráticos, da escola, os professores decidiram dá-lo a conhecer
a todos os colegas da escola;
3 – Decidiram também dar ao documento a maior divulgação pública possível,
e enviá-lo directamente para outras escolas e colegas de outras escolas;
4 – Pede-se a todos os professores que nos ajudem na divulgação deste documento,
e que o tomem como incentivo e apoio para outras tomadas de posição;
5 – Este documento ficou, obviamente, registado em acta,
para que a senhora ministra não continue a dizer que nas escolas está tudo calmo,
e que só se protesta na rua;
6 – A introdução e as notas são da minha exclusiva responsabilidade;
7 – Tomo a liberdade de agradecer com prazer aos professores
da Escola Secundária D. Maria II, Braga, e principalmente às mulheres,
as mais aguerridas, pelas posições firmes que têm assumido,
e por rejeitarem qualquer outro lugar
que não seja a linha da frente da luta pela dignidade docente.
É um orgulho estar entre vós.
lkj
António Mota
lkj
Comments
Isto vai lá, a ministra é que já não vai a lado nenhum. Será mesmo bom que se mantenha mais um tempo!
Um abraço da ave Nida
Face ao absurdo de que se revestem o modelo e o processo de avaliação dos
docentes que o Ministério da Educação teima em implementar, os Coordenadores de
todos os Departamentos e outras subestruturas da Escola Secundária de Bocage, em
Setúbal, com assento no Conselho Pedagógico, transmitindo o sentir da grande maioria
do corpo docente, juntam a sua ao coro das inúmeras vozes de protesto, representativas
de escolas, de substruturas escolares, ou de pareceres individuais, que, com a
honestidade profissional e a validade argumentativa de quem sabe o que é ser Professor,
salientam:
1. O afã da implementação do modelo, sem tempo para uma preparação séria,
reflectida e criteriosa.
2. A imposição da sua execução quando o próprio Ministério ainda não
disponibilizou muitos e importantes suportes inerentes ao processo e consignados no
Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro, nomeadamente nos seus artigos 6º,
20º, 21º e 29º.
3. A tentativa de dar resposta ao artigo 6º nomeando uma presidente para um
órgão não constituído, a qual emitiu recomendações, umas e outra de validade jurídica
duvidosa porquanto geradoras de providências cautelares.
4. O sangramento das energias dos Professores e do seu verdadeiro mister numa
burocracia desmedida, obrigados que ficam ao cumprimento de incontáveis horas além
das que a lei geral do trabalho lhes impõe, em desrespeito de direitos elementares; e, por
via disso, com o mais que certo prejuízo na preparação das actividades lectivas e, logo,
o também mais que certo reflexo negativo no bem-estar afectivo, emocional e social.
5. A falta de lisura no processo, porquanto o docente será também avaliado por
uma qualidade para a qual, a curto prazo, lhe será mais difícil trabalhar.
6. A preocupante carência de centros de formação que dêem resposta adequada
às necessidades de todos os docentes, a quem se exige, simultânea mas paradoxalmente,
certificados com aproveitamento de acções para poderem progredir na carreira (ou seja,
“Tens de fazer, embora não tenhas onde”). A não ser que o Professor se prontifique a
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pagar do seu próprio bolso uma formação cujo ónus deve caber exclusivamente à
entidade empregadora, já que se pretende que as escolas tenham uma dinâmica
empresarial.
7. O perigo ético, que deriva da ausência de uma formação em avaliação de
desempenho e supervisão pedagógica para os Coordenadores de Departamento,
enquanto avaliadores.
8. As falhas técnicas na concepção das grelhas de avaliação, dificultando a sua
operacionalização.
9. A total subversão dos valores educativos e da formação integral do indivíduo,
com o rosto do controle da qualidade, e em prol das estatísticas, ao fazer depender a
avaliação dos docentes dos resultados da avaliação dos seus alunos, quando é certo que
nesses resultados influem muitos factores que os Professores não podem de modo
algum controlar. Conviria que os que nos tutelam percebessem que, perante turmas
diferentes, o mesmo Professor obtém resultados diferentes. Está na lógica. O que muda,
a cada bloco de noventa minutos, não é a qualidade do Professor, permanentemente à
prova de adaptação a novas realidades-turmas. Questione-se a tutela sobre a sua quota
de responsabilidade relativamente a desajustamentos e extensão de programas; ou sobre
as reais condições de trabalho de muitíssimas escolas. E a avaliação será muito mais
fiável e idónea.
Mais haveria a salientar. E desta espécie de alucinação em que estamos
mergulhados, uma evidência importa relembrar, entre todas: os erros que se cometem
em política educativa, a golpes de legislação, não se corrigem de imediato com
decretos; antes marcam indelevelmente uma geração, com repercussões que se
propagam em exponencial. Quem assumirá a responsabilidade do erro terrível que está a
cometer-se na educação portuguesa?
Escola Secundária de Bocage, 27 de Fevereiro de 2008
Os Coordenadores do Conselho Pedagógico
fiko muito encantada com tuas palavras!!!
espero que vc venha me vizitar mais vezes, pq gostei de vc!!!
vim hj retribuir a vizitinha e pedir que me add no msn se puder e claro pois sei que seria uma bela amizade que juntos poderiamos construir...
De ja agradeço e espero vc la em meu cantinho de novo !!!
bjs meu anjo!!
how you found our blog-side? thanks for this, talking about us!
sorry my english is so bad, its 12 years ago :)
greetengs, and thanks from : icing on the cake
Essa é que é essa.
Andam aí todos com escola democrática e o caralho a quatro e tu bem sabes que aquilo entre eles é um putedo franciscano e que os gajos dos sindicatos e DRENS e o caralho dos requisitados o que querem é não fazer a ponta dum corno!
Desculpa a linguagem, mas fico fodido com isto.
Quanto à linguagem, fica à vontade e desopila sempre! Olha, estava agora mesmo a ver a Quadratura dos Palhaços, falaram dos discípulos de Patch Adams e desataram a colocar os narizes vermelhos. Um pouco de auto-relativização fica-nos e faz-nos sempre melhor que bem.
Abraço!
PALAVROSSAVRVS REX