CLAUDIO MONTEVERDI, MEU ANTÍDOTO E MEU LEITE
lkj
Entre os teus Madrigais,
ouvidos como um pranto gozoso e dolorido nos meus dias de desânimo,
algures por 2006, na Igreja da Lapa, Porto,
Vésperas explosivas e comoventes,
fiz da minha primeira cogravidez, tão suave e pacífica,
um aleitamento permanente de Música
ao meu primeiro bebé por nascer.
lkj
Cabisbaixo, desempregado, miserável, sem tusto,
um pouco tal como agora estou e me sinto,
levado aos pontapés desprezivos
e pisoteado por este safardana Ministério da Educação sacana,
enganado por grosso por quanta esperança punha
na iníqua e enganosa Santa Casa dos Mil Enganos artificiais,
havia ainda o músculo de sonhar e a música de contemplar.
lkj
E eras tu, Claudio Monteverdi, que em música-leite de tudo me consolavas.
Ainda agora, ao ver a minha filha, com menos de dois anos,
agarrada por sistema ao Piano lá de casa,
cantando e tocando com uma estranha obstinação cómica e afinada,
me lembro bem com quanta música tua rodeei
a barriga da boa mulher minha onde,
intocável novelo sagrado que se desenovelava,
o meu querido bebé nadava.
Comments
Parabéns!
Aqui está tudo muito belo e muito interessante. Parabéns por seu blog.
Foi bom te ver lá no baú, seus coments sâo riquíssimos. Obrigada e até!
Abraço
Posso dizer, digno de um excelente poeta.
Sendo da área de ciências e não adorando ler...fiquei presa à boa escrita que nos faz sentir tudo o que descreve.
beijo