OS IRASCÍVEIS
Quem for ler este pertinente discurso, notará uma rica argumentação perfeitamente pacífica, destituída de polémica e onde apenas se ressalva a ideia urgente e justa de que não pode haver violência na propagação de uma qualquer fé, em nome de Deus, e que a violência é uma irracional deformação da natureza do homem e da natureza de Deus. Justamente a razão é a única base possível do diálogo inter-religioso e inter-cultural. Isso mesmo, articulado com uma análise da crise europeia, já fora abordado aqui.
Logo se mobilizam os irascíveis islâmicos para bradar um fim-do-mundo de indignação, para queimar efígies, bandeiras, fotografias, apenas porque o homem corajosamente citou um texto antigo, que já denunciava o sangue vertido em nome da expansão do Islão como a velha e fundamental novidade em matéria de religião trazida por Muhamad.
A seguir, os pedidos de desculpas ou explicações vaticanistas repetem uma rotina cansativa de cedência à profunda e terrível susceptibilidade islâmica, sempre ameaçadora e sempre retaliatória, vindo nestas alturas à superfície, talvez em todos os seus sectores, um cunho jihadista, no resto do tempo dormente, mas sempre pronto a ser feroz e, como bem sabemos, consequente.
Joaquim Santos
O problema desta coragem ratzingeriana são as minorias cristãs nas sociedades onde o Islão predomina, que sofrerão as consequências das palavras proferidas, talvez os habituais actos homicidas às mãos dos mártires suicidários habituais.
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