PALHAÇO. PINÓQUIO. DESASTRE


«O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem. O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada. Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver. O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar. E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.Ou nós, ou o palhaço.» Mário Crespo

Comments

Janice said…
Báh Josh! Tadinho do Sr. Palhaço, o artista, ele sim é uma figurinha propositalmente meiga e aparvalhada, faz as crianças rirem, e ao contrário ele é que é feito de bobo. E eu acho que to pra este tipo de palhaço, hehe, deste que descreveste quero distância.
Beijão.
Manuel Brás said…
Em defesa dos palhaços, os verdadeiros!

A arte da palhaçada
miseravelmente tratada
por quem vive da paliçada
de verborreia disparatada.

É de ficar indignado
com tal desconsideração,
este regime inquinado
não merece admiração.
Quint said…
Espero que o palhaço não seja eu!
Recuperação da memória:
Se bem me lembro
in illo tempore
eu era um rapazinho
sonhador
que fazia projectos
e estudava
para a um lindo domingo
obter um canudo de engenhoso,
depois fui de bibe pra ambiente,
ambientei e desambientei,
era o predilecto do meu conterrâneo
católico guterres,
não sei de tios ou primos
que mais fizessem por mim
do que eu próprio,
«sempre no meu ambiente...»
Como era um pão ou um gatão
subi ao estrelato e deixei
o alegre triste de meus dias;
más línguas disseram que eu tinha
um aparelho de jeito hitleriano
gobellistico que me cuidava
a imagem e me injectava em todos
os canais televisivos;
e a remoques, como bom Citzen Kane,
mudava de assunto...
Agora estão prestes a dar-me
um pontapé, e eu convenço-os
de que vai uma crise global
que nada tem que ver comigo.
Assim me encontro pronto
para servir-me de novo mandato,
pese a professores abaixo de cão
que juraram a pés juntos
QUE JAMAIS VOTARIAM EM MIM!!!
CONTO INDEFECTIVELMENTE COM TODOS OS QUE GOSTAM DE SER ENGANADOS
COM PROMESSAS!!!
Para quê cumprir promessas?
O barco afunda a pique, e quando todo fôr ao fundo do fosso, ninguém se lembrará de mim,
será então que me esquecerei das patifarias verdadeiras que fiz
e me deram sumo gozo dilectante.
Assinado,
Sócrates,
Nem Filósofo,
Nem Médico,
Nem Futebolista Brasileiro,
mas Portuga Engenhoso como Quijote Cavaleiro de... triste figura.
... Oferece-se-me um só comment (a parafrasear Camões) sobre o tratante que pretextou meu poemeto d' ontem e o demasiado longo arrazoado de Mário Crespo: 'puras verdades...' pelo tratante 'passadas...' 'oxalá...' para bem de todos nós 'foram fábulas sonhadas...'

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