OFF-CHORO E RANGER DE FUNDOS


Absolutamente de acordo. Aquilo que polui com salpicos de desonra-lama indirecta o PR é o facto de alguma vez esta coisa amnesicamente insuportável e displicente com grandes quantias de dinheiro e assinaturas, alguém que mente e não se manca, tenha sido em primeiro lugar convidado para um cargo de absoluta confiança política como Conselheiro de Estado. Certamente que, no computo dos argumentos de chantagem des-honorífica em que consiste esta guerra fria entre figuras de estado, há-de haver uma contabilidade minudente qualquer misteriosa. De modo que ninguém se demite ou se retracta, mas sustentam-se todos uns nos outros, como macacos agarrados a um derradeiro galho partido, ainda preso à árvore por um filamento, sem qualquer outro ponto de apoio à vista e prestes a estatelarem-se no abismo. Abordar superficialmente e branquear mediaticamente uma matéria como o caso Freeport, por um lado, e, por outro, nada resultar de este cruzamento de dados delicadamente comprometedores para alguém situado ao mais alto nível, diz-nos do mar de injustiças e de inconsistências em que a chamada Justiça em Portugal labora, lembrando-nos que só por muito azar geográfico não fazemos fronteira com uma república sul-americana em ditadura ou com um Cu de Judas africano igualmente famigerado pela Impunidade radiosa. Nem deveria ter de vir a terreiro, colocando o dedo na ferida, o deputado do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo para defender a suma evidência de que Dias Loureiro deve demitir-se do Conselho de Estado. Alguém com suficiente independência, que nada deva e nada tema, deveria accionar ou ter accionado os resíduos de vergonha possíveis em tão asqueroso e invertebrado modo de proceder. Mesmo que o povo vá anestesiado e com suficientes angústias pesando-lhe, nada mais se espera que facto/consequência: João Semedo considerou que o Conselheiro Dias Loureiro «nunca deveria ter sido convidado pelo Presidente da República para aquele órgão, "não era necessário haver nenhuma comissão de inquérito ao BPN para se saber que Dias Loureiro integrou um grupo financeiro que anos após anos viveu da fraude e de operações irregulares" e "nada recomendaria o convite" para conselheiro de Estado. De acordo com João Semedo, na comissão parlamentar de inquérito sobre o BPN Dias Loureiro "não disse tudo o que sabia e faltou à verdade" e as "muitas contradições entre o seu depoimento e o que os documentos revelam" levam o BE a querer que seja novamente ouvido.» Precisamente da confrontação entre depoimentos na Comissão de Inquérito Parlamentar e documentos relativos a negócios assinados por DL no BPN, resulta a conclusão, na edição de hoje do jornal Expresso, de que "Dias Loureiro mentiu" no Parlamento, ao negar conhecimento de um fundo em relação ao qual assinou documentos. À gravidade do Buraco, que de resto todos pagaremos, soma-se a enormidade da Mentira, da sonsa não assunção sorna de responsabilidades, da amnésia, não com trocos, mas com enormes quantidades de dinheiro, esquemas de horonários esconsos, desbragamento e desonestidade sôfregos. Saber que no inferno haja choro e ranger de dentes faz parte de algum imaginário figurativo arcaico remanescente. Não nos poderá dar a 'democracia' de algum modo a sensação de que mentir não é aceitável nem compensatório ou o demonstrativo consolo de que enriquecer estranha e indecentemente é algo de repugnante, intolerável, com indesejáveis consequências e correlatas punições?! Com a disposição revelada pelos «representantes dos partidos na comissão de inquérito sobre o BPN [que] admitem chamar novamente Dias Loureiro face às contradições entre o seu primeiro depoimento e a documentação vinda hoje a público [em face do que] Dias Loureiro já manifestou, entretanto, a sua "total disponibilidade"», lá regressaremos à via-sacra de novas abordagens angulosas, novas desculpas empasteladas, lento marinar e desgastar mediático do caso e da premência de conclusões até ao oblívio.

Comments

Pata Negra said…
Hoje é dia de namorados. Estou demasiado velho para me lembrar que um dia assinei um papel qualquer que me casava. É assim vida, assinamos demais. Depois não nos lembramos daquilo que assinamos e, por isso, estamos desculpados! Assinamos tanta coisa que já achamos que não podemos ser responsabilizados por tudo o que assinamos!
Na verdade, eles não são conselheiros de Estado, eles são o Estado! Nós somos apenas o alimento do Estado!
Joshua, a política chegou a um ponto em que não merece sequer ser comentada! Cortar o mal de raiz, diz a sabedoria popular. Oh meu Deus! E eu saber que vou morrer com as coisas assim?!
Um abraço sem contemplações

Popular Posts