O CRIME DE LIBERTAÇÃO DE GASES

1. Isto, fora de brincadeiras, não está fácil para os portugueses. Durante o consulado socratinesco, sedimentou-se a impressão de que os pobres ficavam mal na fotografia da respectiva governação. Havia mesmo o desejo incontido de varrê-los para debaixo do tapete, tédio socratista pelos números negativos das sucessivas avaliações vexatórias pela OCDE. Bastaria um passe de mágica estatística. Foi uma pressa por certificar ignorantes e diplomar iletrados. Era belo ver a realidade vergar-se e deformar-se impulsionada pelo feroz visionarismo vulgarizador burocrático do obsceno socratismo. Foram anos a libertar gases e a reduzir a gás milhões de euros. Bravo, Primadonna. 2. Hoje, com o Governo Passos, vê-se que há ainda Portugueses nada enquadrados com a realidade do desemprego adventício e cumpre desenganá-los o quanto antes, coisa em que o Governo se tornou exímio, numa honestidade atroz. Hoje os professores. Amanhã os enfermeiros, mais tarde os Assistentes Sociais: ala para as lusófonas áfricas e os ainda mais lusófonos brasis. Temos, portanto, pela frente anos de promissora libertação de gás: por cada português formado fora do rectângulo é menos um Saco de Metano. 3. Finalmente, a actriz Sónia Brazão jaz acusada pelo Ministério Público de um crime impossível de enunciar sem ser acompanhado por um sorriso irónico: o crime de libertação de gases. Ok. Talvez só assim a actriz pudesse rever transcendentalmente o seu falecido pai, conforme testemunha, já refeita e contrita, com o impacto pessoal e emocional de que dá conta às revistas cor-de-rosa bem pagantes de desabafos desses. Ok, também não foram uns gases quaisquer, pois a actriz quase perecia no processo. Gases asfixiantes e de explosão. Não me parece que a Procuradoria-geral Distrital de Lisboa tivesse alternativas à formulação da acusação. O que me parece é que toda a gente participa e concorre para magna libertação de gases mais ou menos asfixiantes e mais ou menos explosivos, um recurso, tal como a inveja nacional, muito mal aproveitado.

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