ESVAI-SE A RALÉ POR ENTRE OS DEDOS

Porque a ralé dos ávidos, dos brutais, dos poderosos imorais, se esvai por entre os dedos diáfanos da Justiça, podemos esperar sentados que o caso brasileiro envolvendo Lima progrida e se clarifique. A alta sociedade portuguesa está penetrada de tal ociosa nulidade anticristã que é perfeitamente natural nela medrem tão impensáveis monstros, arrivistas uns, velhos ressequidos do estatuto herdado outros. Aliás, anda o cidadão português em-forma-de-blogger a pregar no deserto ético nacional, exigindo, na legítima e legal perseguição retroactiva e progressiva de corruptos e corruptores, um ainda mais legítimo contraponto ao nosso empobrecer compulsivo próximo e não é que tudo vai lento e pachorrento? E não é que nos sai um Pinto Merdonteiro na rifa a somar ao tíbio Cavaco e ao contraditório Passos?! Nesse ponto, a coligação que governa vai nula e murcha, defraudando quaisquer expectativas de ruptura com o passado negro recente, empurrando com a barriga a barrela que se impõe, basta parte da reles nomenklatura socratista se manter intacta, impávida e serena. Da arraia-miúda nada há a temer pois nem noção tem do limite do aviltamento a que os poderes públicos a submetem, brutalizando todas as aspirações. Esvai-se a reles ralé de privilegiados criminosos por entre os dedos da Justiça.

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