PELO FIM DO SUBVENCIONISMO

Gostei de ler hoje Manuel António Pina que denunciou o mau exemplo de incoerência e convenientismo mediocre de Ângelo Correia na ciosa manutenção da sua subvenção, dos seus direitos adquiridos. Que feio, Ângelo! Para a luminosa exposição da tal incoerência, MAP citou um blogue, destacando nele o nosso papel fundamental na monitorização da malícia política que diz e desdiz, faz e desfaz e vai enterrando povos e esperanças como quem não quer a coisa e sem prejuízo pessoal de espécie nenhuma, bem pelo contrário. Mas convém reflectir sobre a questão num âmbito mais geral agora que a aberrante coisa das subvenções está hoje no centro do debate que se impõe. Após a escandaleira dos acumuladores de salários e subvenções que o DN investigou, podemos concluir ser bom que o dinheiro para ex-titulares de cargos públicos acabe por maioria de razão ditada pela hora. Acabou para muitos de nós? Acabe para eles também, pois esse dinheiro é público, é nosso. Repare-se no recrudescer das excepções manhosas aos cortes e sacrifícios decretados para milhões de portugueses. Faz todo o sentido agora que, além de não haver subvenções para os actuais titulares de cargos e funções políticas, cessem também as de todos os subvencionados do passado, entre os quais João Jardim e Cavaco Silva, Ângelo Correia, beneficiários do regime anterior a 2005. Acabou. Seja absolutamente irrelevante que tais subvenções façam parte do montante de quem esteve coberto pelo regime anterior a esse ano. Não pode continuar a ser garantido a partir de agora. Se todos nós somos passíveis de nos vermos cuspidos do emprego e ver cuspo nos contratos de trabalho assinados, também não temos de honrar compromissos passados com ex-políticos, dada a imoralidade inscrita nesse tipo de garantismos excepcionais impróprios de países pobres. Acabou. Acabaram os direitos adquiridos e as excepções, Ângelo Correia! Não podemos esperar que aqueles que entraram na actividade política com o regime subvencionista anterior possam manter a subvenção até que morram, pois morrerão tarde, nós esperamos e fazemos questão que morram o mais tarde possível. O País é que não tem tempo nem tem gente que nasça para inverter naturalmente uma decadência já profunda e bastante complexa. Não podemos nem pensar nem esperar pela morte dos subvencionados para a desoneração do Estado e os bons sinais a dar hoje. Para a eficácia de um sinal de justiça mediante o nivelamento perfeito e escrutinado dos tais sacrifícios, o tempo é right now. Seja quem for o beneficiário, essas subvenções deixaram de ser aquilo a que têm direito, deixaram de ser um direito. Por razões de autodefesa pelo bom exemplo, de busca de caminhos novos para depurar as metástases de abusos que sufocam o Estado, há que radicalizar as nossas exigências bottom up forçando o fim dessas tetinas fartas quando é a magreza o alimento da maioria. Radicalizemos as nossas exigências bottom up enquanto suportamos o inferno imposto pela Troyka e pelo Governo Passos que vai moralizando top down, mas onde a imprevisibilidades de novas medidas será a regra. Que radicalizemos as nossas exigências do fim de luxos incompatíveis com a situação de Portugal será excelente para a austeridade e o crescimento e somente assassino só para o cinismo manhoso das excepções e das falinhas mansas e selectivas que certos inteligentes cretinos querem vender em nome do que nem às paredes confessam.

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