VÍCIOS PRIVADOS, PUNIÇÕES LABORAIS

Informação é poder e todo o poder reside em aliar qualquer informação sobre os outros à desinformação mais deformante sobre os outros, sobretudo no intrincado mundo do trabalho possível ou impensável. E uma vez que o "Estado-PS" de Elisa Ferreira aspira a fundir-se com toda a espécie de iniciativa privada ou local, caucionando-a, impedindo-a, o que acontece é que quem trabalha e quem pena na indigência está sempre na berlinda. Em Portugal isso reflecte, uma vez mais, como há séculos, o que é ser Poder por cá. Há uma idiossincrasia portuguesa de ser e exercer o Poder. Intrusivo e selectivo. Ainda me lembro de ter escrito uma posta poética que entitulei Pénis Feliz, poema-sugestão em jogo de palavras com o conceito latino de "pene", quase, dando conta de um estado de espírito, quase feliz, articulado com um dia muito duro na minha actividade profissional, o Ensino, quando a exerci. Não fiquei mais de três meses naquela escola de ambiente Socialista, de sedimentação Socialista, de apoio crasso a Sócrates, colónia devedora do Partido Socialista local. Essa ruptura abrupta, desemprego automático, foi uma coisa que sempre estranhei, tendo em conta o panorama de vida profissional anterior, mais estável e normal. Escrevia ostensivamente no meu blogue nos intervalos e cheguei a confidenciar com uma colega o meu orgulho em escrever a minha poesia e a minha opinião política. Erro fatal. A colega afónica tinha Poder. Os meus postulados e pronunciamentos pessoais acerca do momento político e do perfil do Poder Socratinesco obviamente me não favoreceram em nada ali. O estigma também pode ser paroquial ou mais local. Se ousamos blogar sobre sexo, fazer poemas, literatura a esse propósito, conforme o fizeram milhares de Autores, passamos logo a ter como sinete o facto de sermos praticantes desenfreados de sexo. E mesmo se fôssemos! Se vivemos com 250 euros de subsídos do Estado e se nos solta um queixume quanto a isso, passamos, ainda na óptica local e paroquial, a viver imoralmente na dependência preguiçosa e pecaminosa do Estado, recusando a redenção pelo trabalho, caminho do Senhor [que aliás foi morto quando, deixando de trabalhar, passou a postar umas coisas radicais e revolucionárias na intranet religiosa da velha Judá]. Posso contar pelos dedos a quantidade de inimigos surdos que ganhei e a má bilis alheia que fiz segregar e coleccionei. Os amigos que nunca tive, perdi-os rapidamente. Simplesmente odiaram o meu sentido das palavras. Prefeririam que eu olhasse exclusivamente pela minha vida, em vez de entretecer poesias, causas e cruzadas contra a corrupção ética que perpassa Portugal e a usurpação política que trai e ignora as exigências imediatas da cidadania mediante servil obediência a directórios económico-políticos dos empórios internacionais, lesivos dos interesses íntimos de cada Português, uma vez que lesivos do seu País, o único que têm. Enfim, impossível e inconveniente voltar atrás corrigindo um uso corrosivo da palavra livre. Sei que sou também um desempregado vítima de uma velha inimizade, estrutural ao nosso País. Uma que a Inquisição sedimentou no espírito do Português, o Jacobinismo prolongou e a Ditadura da II República acrisolou numa espécie de traço imortal de carácter de uma certa massa dependente e sedenta de agradar religiosamente a um Grande Poder que lhe seja favorável na medida em que delate: traço naturalmente incriminatório, naturalmente bufo, sistematicamente competitivo pela decapitação da concorrência e do seu infinito mérito. Ora, o sistema bufo, incriminador, delator português, quem diria?!, regressou em força com o Socratismo Socialista e o seu inconfundível respeitinho vigilante e repressor do oponente. Um dos expoentes ostensivos de essa atitude de sanha velha é Margarida Moreira. Mas há outros. De novo, aprimorou-se e regressou aquele ancestral ranço que procura colocar em medo as psiques, em sentido os que trabalham no equilíbrio do arame, em respeitinho os que opinam, em temor quotidiano os precários de Portugal. Eu sinto-me vítima, pronto! É meu direito sentir-me vítima. Não sou o único. O amedrontado e incomentante leitor não sente nada a entrar-lhe à bruta por trás?! Nunca deu por si a falar a medo ou a morrer pela boca, como um peixe?! E um secreto submundo ressentido minando o seu mundo, inviabilizando-lhe a vida, já experimentou?! Se sim, bem-vindo à família. Se não, é dos que tem sorte e as costas quentes ou então pertence àquela massa que não se poupa a esforços para agradar ao fornecedor das migalhas que o sustentam: «Twitter, blogues, YouTube, Facebook, MySpace… hoje em dia as pessoas deixam atrás de si um rasto de entradas online. Nelas, os utilizadores vão partilhando pequenas histórias das suas vidas quotidianas. Uma ida ao dentista, uma saída em grupo, convivência com animais domésticos... tudo isto pode dar bom material para entreter amigos e conhecidos, mas nem toda a gente pode querer saber se acabou ou não com a sua namorada, se tem problemas de incontinência, se costuma embebedar-se ou se anda a tomar antidepressivos. Qualquer pessoa que lhe possa vir a dar emprego, terá isto em atenção. E chegada a hora de uma contratação, tudo aquilo que alguém tiver dito online será tido em conta. Tudo. Nestes casos – como em muitos outros – “menos pode ser mais”.»

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