ARROZ COM GALAMBAS

Esta guerra pedante e pomposa está cada vez mais interessante. Avulta nela um desespero atabalhoado. Há lama pelos joelhos, factos reveladores de avidez, terror, desnorte, decadência, abuso, ambição, maquiavélico negar, aflitivo estrebuchar. Todas as guerras são feias. Todas as guerras fedem. Preciso tomar ar. Carlos Santos contunde os SIMplex com a sua dissidência de luz implacável, cirúrgica, profusa, fundamentada. Insultam-no torpemente, atiram-lhe escarros, chamam-lhe «bufo», ladram-lhe ostras e ostracismos, gambas e delícias, enquanto os seus argumentos-caravana passam. Preciso tomar ar, porém. Com efeito está frio cá fora. Esfomeado, opresso, sem emprego, Portugal arqueja, tem contas insolúveis para pagar. Talvez agonize. O Lobo-BES e os demais membrudos lobos-beta da alcateia financeira nacional vêm pela sombra comer tudo unicamente sobre quem não pode, sobre quem não foge. O laço doloso fora lançado. Muitos caíram nele. A alcateia perdoou a quem podia e acumulou, a quem punha e dispunha e ganhou, a quem rapou do bolo público e prosperou. À pobre gente em gesta, de novo sem voz, o Lobo-Mau dá um Baraço-BES. Com efeito, está frio cá fora! Meu coração penhorado pelas décadas é Portugal enganado de véspera, esganado de vespas.

Comments

Pacheco Pereira said…
O primeiro problema é a actual direcção do PS, o círculo do poder de Sócrates, uma permanente fonte de perturbação da consciência dos portugueses. Como é possível que não sejamos colocados perante o dilema de fazer alguma coisa perante um primeiro-ministro que nos engana, que actua no limite da legalidade, mas com sistemático abuso do poder, que só dá péssimos exemplos e que está a ajudar a perverter um já débil sistema judicial, criando uma situação pastosa em que parece que vale tudo perante uma impunidade generalizada? Sim, o grande bloqueio actual para resolver qualquer problema está num grupo sitiado, mas perigoso e ameaçador, que gera por si só uma enorme dificuldade a qualquer entendimento. Ele não acabará bem, nem a bem.

É por isso que o segundo problema é o do PS, que ganhou as eleições e tem legitimidade para governar, mas que está, pelos seus silêncios e aquiescências, a inquinar o país e a bloquear o clima de apaziguamento que tem que preceder qualquer defrontar da crise. Não é possível pedir aos portugueses nenhum sacrifício, enquanto o primeiro-ministro for o homem que os enganou e engana sobre o país em que vivem e os seus problemas. Em tempos de depressão, a autoridade moral é a única que ajuda a manter a paz social e uma consciência de um esforço colectivo. Com José Sócrates, não existe essa autoridade moral, sobra só a autoridade e cada vez mais o seu abuso. O PS sabe hoje muito bem disto, mas o apego ao poder está a torná-lo um obstáculo ao esforço nacional para defrontar a crise iminente.

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