CRUEL FESTIM DE REALISMO PARA ALGUNS

Aparentemente, só os funcionários públicos acordaram com as marcas e a sensação horrenda de estupro, neste dia catorze de Outubro de 2011. Não ainda todos aqueles que trabalham e descontam no sector privado, por enquanto cada vez mais portugueses que "os outros", os maus da Função Pública. Se tem havido um alvo amolgado e amolecido, torcido e vergado, pau para todos os caprichos e brutalidades, nos últimos anos, são eles. É ela, a Função Pública. Por mim, há quinze anos professor contratado, dada a minha precariedade e baixa remuneração, escapo dos cortes anunciados, mas não escapo de ser pobre e continuar pobre, enquanto forcejo ensinar crianças e jovens apoiado precisamente na 'solidez' da minha precariedade, na ridicularia kafkiana da chamada avaliação-farsa socratesca-lurdes-rodriguista, apoiado nas esmolas e oportunidades de latão que vou tendo. Chega. Penalizar, esbulhar somente a FP é fácil de mais. Não é justo que somente ela se veja sem o subsídio de Natal e o subsídio de Férias. O festim de realismo deveria ser para todos. Os funcionários públicos não são os únicos culpados de um sentido aselha de voto?! Ganhar menos, perder parte do subsidio de Natal de 2011, ver o congelamento eterno e inamovível das carreiras, perder subsídio de Natal e subsídio de Férias porquê somente eles, para quê e com que impacto se todos, mas mesmos todos os que vivem em Portugal, alombam com as SCUT, têm hospitais PPP, terão de engolir o TGV, foram enrabados de BPN, violados com os défices e passivos brutais nas empresas públicas dos transportes repletas de mordomias e regalias, foram traídos com a brincadeira despesista da Madeira?! Não. Ao contrário do meu amigo Alf, que olha para o passado e para Sócrates como quem olha para um incêndio extinto e inimputável, concordando embora que só os mortos podem ser ilibados de culpas por estarem mortos, penso que ex-governantes vivos com responsabilidades gravíssimas e recentes pelo estado depauperado das nossas contas e pela miséria criminosamente acrescentada da nossa sociedade terão de ser submetidos ao cepo do julgamento pelos tribunais ou nunca mais a História corrigirá os vícios e abusos, equilibrará a realidade, promovendo o que é recto e fará justiça exemplar em nome do Povo, aspiração legítima, Povo sempre pobre e sempre em recomeços, de miséria em miséria, vítima de si mesmo e vítima dos seus mais reles representantes.

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