CARTA DE DESPEDIMENTO


Quando um dia te saturares de mim,
(e esse dia talvez infelizmente já tenha chegado, para mal da minha solidão de alma,
viuvez de ser compreendido e desejado no meu Texto!),
e achares que chega, chega de te sentires visado pelo que escrevo,
chega de te sentires trespassado pelo Dentado Gume Dentário do meu discurso,
chega de não compreenderes nada do que intrincadamente digo,
ou chega de compreenderes pouco e magoar-te o pouco que entendas,
e já te cansar ter dúvidas de que se calhar te censuro, te desprezo e te ataco,
nesse dia, podes ir com o caralho, filho!
A tua insegurança do meu afecto é um redundante haraquiri suicidário do que sobre.
Eu nunca estaria sob o teu controlo,
o teu cansaço de mim era uma questão de tempo,
nada do que me fizesses ou dissesses me apaziguaria a irreverência,
a sede de liberdade e de imprevisto,
a independência e a natural e habitual desimpostura!
A tua Amizade foi com a chuva no silêncio eloquente de Covardes Pantufas.
lkj
Na verdade, nunca fora eu a visar-te,
ou a trespassar-te com o Dentado Gume Dentário do meu discurso.
Fora apenas o meu Eu Lírico, bifurcando-nos, construindo e desconstruindo,
perpétuo-Dalí Nascimento do Novo!,
o teu dia-a-dia de desejos e sonhos
do meu dia-a-dia gémeos.

Comments

Tiago R Cardoso said…
Isto por aqui está difícil...

Pois fica já sabendo que continuas com ama escrita fantástica.

Já te disse, entras amnhã.
Luís Galego said…
bem, fiquei boqueaberto com este texto. é de facto um prazer que com a facilidade de uma tecla ler dos melhores textos que por aqui passam...obrigado, meu caro...és daquelas pessoas que sonhamos conhecer...
Pata Negra said…
N�o temos costas, os anjos n�o tem costas! Nunca virarei as costas a algu�m, nem aos touros!
Um abra�o escrito com as palavras que costumas escrever

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