DO ESTERTOR REGIMENTAL

«Os regimes começam a cair pelos seus partidos. Portugal é um exemplo claro. Quando os partidos tradicionais da monarquia constitucional, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, perderam qualquer espécie de identidade ideológica e programática, falharam sucessivamente no governo e se desintegraram em facções sem significado e sem destino, a República chegou. E, na República, quando o Partido Democrático de Afonso Costa, depois de 1918, deixou o seu jacobinismo original e passou a ser um conjunto de pequenos ranchos que se guerreavam, nada podia já impedir o 28 de Maio e a Ditadura. Mesmo a Ditadura se desfez, quando Salazar morreu, em bandos de "notáveis" que se detestavam e que pouco a pouco conseguiram paralisar Caetano. A agonia desta II República, sob que vivemos, também está hoje à vista no calamitoso estado dos partidos parlamentares. O PC há 20 anos que não acredita na revolução e só quer impedir o governo de governar - seja ele qual for: da direita, do centro ou do PS. É um apêndice maligno, que dura contra todo o senso e toda a lógica. O Bloco, que não passa do PC da nova classe média, não serve para nada. Acabou por se tornar num grupo de protesto vociferante e vão, incompreensivelmente instalado em São Bento. E o PS, que Sócrates transformou numa tropa calada e reverente, vai desaparecendo agora, afundado (com razão ou sem ela, não importa) em escândalos de vária ordem e gravidade, e numa crise que não previu e não soube tratar. Como pode ele, sozinho, sustentar o regime?Quanto ao PSD, Santana Lopes disse ontem que é, literalmente, uma "casa de ódios". Não vale a pena insistir na balbúrdia eleitoral em curso e na irremediável mediocridade dos candidatos. Ou no congresso extraordinário, que se reunirá em Março, ninguém percebeu ainda por quê e para quê. O PSD "precisa de salvação", como explicou Santana? Com certeza que sim. Mas, "precisando de salvação", como se propõe esse náufrago salvar o país? Falta falar do CDS ordeiro e laborioso de Paulo Portas, que não sai e parece que nunca sairá do seu cantinho. Por muitos méritos que lhe atribuam ou que, de facto, tenha, contar com ele não é realista. Na II República já não existem partidos. Existem sombras de partidos, restos de partidos, destroços de partidos. O regime não irá durar muito.» VPV

Comments

José Domingos said…
Já se chegou á conclusão, e da pior maneira, que estes partidos pseudo politicos, quais agência de empregos, agora como se vai sair deste atoleiro.
Deveriam se responsabilizados, criminalmente, devolver tudo o que foi recebido, e pô-los numa lista negra, de individuos não recomendáveis.
Este pessoal, continuando, no aparelho de estado, estão prontos a servir qualquer amo, desde que tenham dividendos, serão talvez. invertebrados........

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