A SEDIÇÃO DA SOPA


Começo de conversa dêem-nos-um-bom-pretexto, em Salónica
ardem as ruas ainda mais por causa de um jovem ter sido morto
pela polícia numa manifestação. Parece que tinha ele, David sem funda,
abundantes Cocktails Molotov nas mãos. Ao parecer ser muitos sendo apenas um,
deve ter deixado em pânico mortífero essa Polícia de Choque local
de gatilho leve e zelo pesado. Ora, a morte de esse rapaz de quinze anos
incendiou a rua com tais protestos contra o Governo conservador
do primeiro-ministro Costas Caramanlis e contra um fosso social
cada vez maior entre ricos e pobres no país, que a própria economia já se ressente.
lkj
As cordas esticam até ao limite em qualquer lado, mas, pelo contrário, em Portugal,
até ao momento, nem os estádios festivos enchem para o futebol,
nem as praças enchem semana a semana clarificadoras,
nem os cafés enchem conspirativos e nem enchem os comícios do «Basta»!
Os portugueses, na insurgência, não são destemidos como os gregos, são covardes,
e os corruptos gregos devem ser menos hábeis e discretos que os corruptos portugueses
ou então com muito mais vergonha na cara na hora flagrante: não ficam a pastar
descredibilidade e mais que duvidosíssima idoneidade nas cadeiras conselheirais
onde sentam abusadoramente os desavergonhados cagueiros porcheanos.
lkj
Em Portugal, para além de todos os diagnósticos de regime terminal
e de todas as malfeitorias de legislatura, para além de todos os esbulhos,
de todas as opressões subreptícias do trabalho suprimido
e de todas as injustiças clamorosas, arrastadas, simulacro,
o que de facto enche são os Shoppings.
lkj
Por isso, em Portugal, toda a sedição e mola de motim comprimida, ejaculação de raiva,
vai ali, nos Shoppings, dissolver-se num McDonald's, numa boa sopa da Casa das Sopas.
Porque o protesto vital e urgente suborna-se com pão e a insurgência com sopa.
lkj
De Pedra, de preferência!

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