LABIA MAIORA
Estou ancorado à porta da vida, neste quarto recém-nascido,
em que três rostos me contemplam. Cuido, ternura-nutro, colaboro em colo e calor,
insónia feliz noite após noite, serenos sorrisos. Amor.
Vêm dizer que não sou ninguém. Que a minha palavra não produz
e que as minhas lágrimas são vis. Resisto à ideia de que não sou ninguém
sempre que os farrapos em que labora a minha psique outrora forte mo dizem
ou mo dizem os escanhoadinhos sabonetes pimpões da porreirência-pá em vigor,
lágrimas nenhumas têm vileza se a Palavra que as encorpa é puro sémen.
lkj
Será verdade? Deve ser verdade. Não sou ninguém.
Talentos soterrados. Valor escondido. Infra-existir. Conter-me. Aguardar.
Tenho planos e projectos guardados como moedas raras.
Tenho uma alma e uma humanidade que se seguram e engolem em seco
por um outro tempo, menos cretino, menos pesado, menos negro.
O ambiente que surpreendo no Portugal presente é pegajoso: cola-se-me à alma
que fomos sacrificados a uma lógica negra, que fomos números num cálculo de estragos.
Pessoas remetidas ao nada fundem-se nele e congelam os sonhos.
Comments
Tudo na vida deve ser encarado como aprendizado, para tirarmos desse aprendizado, o maior proveito.
A vida devolve vida, para quem vida oferece. Você, meu amigo, é um exímio oferecedor de vida. Tenha certeza disso.
Parabéns!
O seu Eu luta com dois inimigos polos:
Por um lado você quer ser o inferino, ingente e originário, por outro quer o reconhecimento das pessoas.
Vai ser díficil essaa conjugação.
Qual o lado que vencerá?
xaxuaxo