LEPRA MORAL DO PODER À PORTUGUESA
As crises são benéficas quando expõem e demonstram procedimentos
de abuso e degeneração intoleráveis na acção do poder político
que se entranharam insidiosa e nocivamente na vida comum,
perpetrados por poderes eleitos para o bem geral e a coesão nacional;
quando provam que os cidadãos têm sido assim devorados vivos sem apelo nem agravo,
quando lançam luz sobre a ruptura dos princípios, da moral, de um mínimo ético.
O papel de Cassandra desempenhado por António Barreto e por um pequeno resto
de críticos é ingrato, mas necessário - se não impede a tragédia adivinhada
pelo menos prepara o terreno para novos recomeços sobre as bases sólidas
anteriormente desprezadas. Recomeços novos esses só possíveis
eventualmente depois de a devastação desaguar na Rua:
lkj
«Os governos, a começar pelo português, têm dado lições inesquecíveis que todos os manipuladores do mercado usam como inspiração. Mentira, leis retroactivas, mudança inesperada de regras, intrusão na vida privada dos cidadãos, instabilidade fiscal, falta de cumprimento de cláusulas contratuais, adjudicações de favor, licenças sem concurso público, favoritismo e nomeações de altos dirigentes por confiança partidária, tudo tem justificação, tudo se explica pela necessidade de vencer, de crescer e de ganhar eleições. Os políticos, tanto de esquerda como de direita, contribuíram decisivamente para a criação deste clima doutrinário e espiritual. O poder político, entre nós como no resto do mundo, não revelou ter padrões morais superiores aos dos predadores. Não mostrou ser mais digno de confiança. Não garantiu que impede a promiscuidade e o livre enriquecimento dos políticos. Não tornou evidente seguir uma regra ética superior à que tem guiado os especuladores e seus amigos.»
çlk
António Barreto in Jacarandá
Comments
Nao parecia ser possivel juntar tanto trapaceiro;haver tanta malandragem; oportunistas e atrevidos, todos assim juntinhos!
*
grato pela visita
Abraços,
me