DEMAGOGIA EM VELOCIDADE DE CRUZEIRO

O discurso do PM, porque é ditado pelas vibrações superficiais do momento

e de facto não tem um fio condutor ou uma linha que se perceba norteadora

do caminho e do espírito da sociedade no seu conjunto,

anda nesta espécie de montanha russa de hesitações de tom,

onde ora se escapa da crise e as famílias terão mais rendimentos,

ora o ano que se avizinha é afinal dramático e difícil,

ora o que se visa é combater a burocracia, ora, pelo contrário,

o que se faz impender sobre profissionais é o máximo de ela,

rebaixando ao longo de uma legislatura inteira à sarjeta da culpabilidade

pelos vícios de um sistema obeso e centralista todos os professores,

só para dar um exemplo da mais peregrina imbecilidade de processos.

lkj

E estas tonterias demagógicas entontecem, desmoralizam-nos, desmobilizam-nos

descredibilizam quem as faz show e fantasia de embalar quotidianos.

Se julga que o seu prime-time e a sua campanha permanente nos vencem

e conquistam, deve antes preparar-se para a nossa náusea absoluta

entre um sorriso idiota e uma palavra aérea, triunfalista e desencarnada a cada dia.

lkj

Não há grito pelo lobo que agora seja credível sempre que o menino áureo grita.

O menino, de resto egocentrado e narcísico, não é nem nunca foi para levar a sério.

As admissões do que será 2009, para além da gestão retardadora do pânico

e da contenção do descontrolo da confiança,

revela uma governação de cabotagem, feita de imediatismo

sem estratégia consistente ou capacidade de mobilização.

Sempre que se anunciam milhões antecipamos que se perderão no olvido

da engrenagem perra dos serviços administrativos do Estado e de eles

a economia não vai snifando nem vestígio. Convinha lembrar que

se em 30 minutos hoje se cria uma empresa, em questão de um par de meses

ela morrerá soterrada de fisco à raiz da laboração inicial para nunca mais se levantar.

De realidade o Governo e o PM nada sabem e nada querem no fundo saber,

a não ser que lhe esborrate a imagem e a elegância mediáticas.