BACCHANALIA FESTA
Silêncio. No seio da mediocridade política nacional emerge a novela Queiroz à falta de temas e personagens mais meritórios ou conflitos mais fecundos. Desaparecem todos os demais actores para enfrentar os demais problemas, angústias a sério, despedimentos por carta, por SMS, porque não há rosto para comunicar tanta devastação. Ter as presidenciais no horizonte condiciona moções, denúncias e palavras urgentes para a reorientação da bússola da acção política às as matérias mais urgentes: uma gestão frugal e parcimoniosa dos recursos do Estado; a superação de uma lógica clientelar na organização do Estado; a instauração do mérito, substituindo o favor político nos níveis intermédios e de topo na função pública; a extinção das parcerias público-privadas mais danosas, dos desmandos criminosos que possibilitam. O ar público segue inapropriadamente murcho. A leveza é tal que vemos Marcelo comentar desportivamente Alegre como mal apoiado por Sócrates e vemos Alegre passando os dias calado ou, se fala, a soltar baboseiras, refrões de pólvora seca, como por exemplo esse clamor pelo Estado Social falido; ou então menciona corrosivamente Cavaco como se não fosse o PR o grande elo de sustentação, aliado prático e consecutivo, das políticas de um PS-Governo contestado precisamente pelo mesmo Alegre, quando ainda deputava. Há tal ambiguidade, tal dualismo nestes actores, estratosfericamente fora do País sofredor, que é como se tudo se tocasse e misturasse, orgia de consentimentos, silenciosos pactos, paradas, esperas, emboscadas. Dá a impressão que o País morre, mas esta gente comenta outra coisa e está noutro lugar. Cala. Mergulha na baça política. Baços tempos, bacchanalia festa.
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